sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Promessas de Ano Novo

Sabemos de cor e salteado a lista dos melhores truques para começar bem o ano que se inicia: pular ondas, vestir branco, comer lentilha, soltar fogos, perfumar a casa, etc e tal. Há sempre esperança no ar e se podemos potencializá-la com esses pequenos artifícios, que mal faz? Festa é para ser aproveitada.

Existe outra lista que, inexoravelmente, não pode faltar nesta época: aquela na qual registramos nossas promessas, aquilo que juramos que vamos realizar “no ano que vem”! Gosto de pensar que fazemos isso porque acreditamos que o tempo nos dá mais uma chance para realizarmos nossos projetos. Sob essa ótica, o tempo, que envelhece a todos, é generoso e parceiro.

Muito provavelmente, aquilo que “prometemos e juramos realizar no ano que vem” não seja algo estratosférico e inatingível. Sinceramente, talvez seja bem banal e corriqueiro. Melhor assim, pois é humanamente alcançável. Mas é preciso dar o primeiro passo. (Outro dia tuitei: máxima do esporte: quem se desloca, recebe; máxima da carreira: quem está em movimento, encontra os caminhos; máximas das máximas: vai!).

O primeiro passo. Como um bebe, cambaleando, mas sempre sorrindo. Vai! Acredite! Divirta-se!

Carlos Drummond de Andrade, em sua Receita de Ano Novo, disse tudo isso com alma de poeta: “...Para ganhar um ano-novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem que fazê-lo de novo, sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre”.

Luminoso Ano Novo a todos.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Carta ao Papai Noel

Com a proximidade do natal e ainda na infância, eu e meus irmãos éramos incentivados, pelos nossos pais, a escrever para o Papai Noel. As cartas, com letras típicas de crianças em fase de alfabetização, eram colocadas em local estrategicamente escolhido, para que o bom velhinho pudesse encontrá-las.

Lembro-me de que não era nada fácil escrevê-las. Em uma mistura de expectativa e ansiedade nunca sabíamos o que colocar na folha que, apesar de alguns desenhos natalinos pintados em vermelho e verde, continuava sendo de caderno. Observando essa dificuldade, recebíamos a seguinte dica: “agradeça, comente o que realizou e faça um pedido”. Então vamos lá:

Querido Papai Noel,

O ano foi muito bom e eu queria agradecer às pessoas com as quais pude aprender. Apesar de ser professora e ensinar, hoje sou mais competente porque estava aberta para observar, ouvir e aprender e as pessoas com as quais convivi (alunos, colegas, família, amigos, professores) foram muito generosas comigo, compartilhando seus saberes e seus conhecimentos.

Além das coisas que já sabia fazer (e aperfeiçoei-as com as dicas que recebi), aventurei-me por outros caminhos e experimentei coisas novas. Com a aprendizagem advinda deste processo ampliei minha inserção no mundo do trabalho e minha empregabilidade. Não foi fácil sair da zona de conforto, mas com o apoio de pessoas sensacionais, fui conquistando desenvoltura e competência. Passado o temor da frustração, sinto-me recompensada pelo esforço e feliz com meu sucesso.

Bem.... o meu pedido? É simples: quero aprender mais e viver novas experiências; quero compartilhar conhecimento com as pessoas; quero estar disponível para construir 2011.

Beijo grande, Papai Noel.

Feliz Natal a todos.

Ps: curioso, mas meus pais, com essa atitude tão corriqueira, estavam ensinando aos seus filhos a acreditar, a desejar e a conquistar.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Liderança e Cargo: a mulher no seu devido lugar

Nas últimas semanas foi possível acompanhar a repercussão da eleição de uma mulher para a presidência do país, bem como a discussão do significado simbólico deste resultado para as relações de poder. A despeito dos comentários jocosos e das piadas de gosto duvidoso, estamos diante de uma realidade saborosa: precisamos aprender a romper com os padrões.

Na maioria das instituições sociais, sejam elas família, escola, igreja e/ou empresa, a mulher sempre exerceu sua liderança, no entanto, sempre de forma (mais ou menos) velada, sem chamar muita atenção e trabalhando duro. Tal realidade se tornou, inclusive, dito popular: por trás de um grande homem existe uma grande mulher.

Agora, no entanto, estamos vendo o rompimento deste padrão e presenciando as mulheres exercendo sua liderança, explicitamente, através dos cargos que estão ocupando, acendendo na carreira por suas competências ou empreendendo seus próprios negócios.

Novos tempos exigirão de todos, independentemente de gênero, novas aprendizagens e a construção de uma nova cultura nas relações de trabalho. E, quem sabe, poderemos ouvir outro tipo de dito popular: ao lado de uma grande mulher e de um grande homem, seus semelhantes.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Sobre campeões e contratos

Pois é, para comemorar o centenário de fundação do glorioso timão não faltou show do rei, queima de fogos, projeto de estágio próprio. E os fiéis torcedores ficaram sem! Sem título, sem taça, sem nada. Coisas da vida.

Embora não acompanhe fanaticamente meu time de coração lembrei-me que, outro dia, com a anuência do presidente do clube, o técnico aceitou o convite do presidente da CBF para ocupar o cargo de técnico da seleção e deixou o time no meio do campeonato.

O mundo do futebol brasileiro é mesmo diferente, pois ousaria dizer que no mundo corporativo isso não aconteceria. Um profissional estratégico, com a permissão do presidente da empresa, aceitar o convite do presidente de outra empresa e sair durante o ano fiscal? Não sei, não.

Mas é uma oportunidade única, quem não sonha em ser o técnico da seleção? Pois é, o técnico campeão do Campeonato Brasileiro de 2010 também sonhou, mas resolveu ficar.

Não é nada fácil assumir a liderança verdadeira, pois é preciso abrir mão das expectativas pessoais e imediatas e comprometer-se com o projeto, com as metas e honrar o contrato acordado.

Domingo passado, ao invés de cantarmos “Salve o Corinthians, campeão dos campeões, eternamente dentro dos nossos corações...” tivemos que ouvir “Sou tricolor de coração. Sou do clube tantas vezes campeão. Fascina pela sua disciplina, eu tenho amor ao tricolor”.

Pois é!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Avaliação de Desempenho: mais que encontrar falhas, sugerir caminhos.

No meio da semana, aproveitando uma brecha na rotina de trabalho, encontrei-me com amigos em uma pizzaria. Entre um comentário sobre o clima, outro sobre como o tempo passa rápido, uma amiga comentou como é desafiador conversar com os membros de sua equipe sobre o trabalho realizado durante o ano. Por que desafiador, perguntei. Segundo ela: porque ficamos sempre na defensiva, tentado justificar as coisas.

Embora o processo de feedback deva ser constante, cabe à pessoa que responde por uma equipe de trabalho fazer a avaliação de cada membro desta equipe. Faz parte de suas tarefas. No entanto, são as experiências passadas, quando ex-gestores aproveitavam esses momentos para detectar as falhas, cobrar mais empenho, constranger e ameaçar, que temos guardadas na memória.

Entre o mau e o bom desempenho existe uma lacuna para a qual é preciso olhar e, uma vez identificadas as causas do mau desempenho, planejar ações para reverter o quadro. É neste momento que o gestor assume o papel de orientador, aquele que vai aconselhar e propor uma série de atividades para que o desempenho dê um salto de qualidade e venha corresponder às expectativas.

Obviamente não existe milagre: se o profissional não estiver disposto a investir tempo e esforço para aprimorar suas competências não haverá plano de ação que promoverá mudança. Mas, neste caso, o gestor terá cumprido seu papel e poderá dormir tranqüilo.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Mídias Sociais e o Profissional de Educação Física: ligações proveitosas

O livro “As Ligações Perigosas” é um clássico da literatura francesa do século XVIII cujo enredo retrata sem piedade como a ociosa aristocracia tramava os escândalos e as desgraças dos seus pares por meio das fofocas e das noticias que circulavam graças à tecnologia da época: as cartas e seus mensageiros.

Três séculos depois, outra tecnologia continua alimentando os ociosos com escândalos e notícias sobre a vida alheia, embora, agora, de forma mais intensa e mais rápida. Com certeza as mídias sociais podem comprometer a imagem de qualquer profissional. No entanto, podem ser, também, uma oportunidade para que o profissional se apresente para seus atuais e potenciais clientes.

Ter uma página na web, participar de uma comunidade virtual de aprendizagem, escrever para um blog, participar de uma comunidade on line de aprendizagem são estratégias que ampliam nossa zona de influência e nossas possibilidades. É também uma estratégia para fortalecer nossa marca.

Convenhamos: podemos não fazer nada disto e continuar usando as mídias sociais de forma exclusivamente recreativa ou leviana para falar mal dos outros, fazer comentários jocosos ou registrar bobagens.

Como estabelecemos nossas relações, de forma perigosa ou proveitosa, é de nossa inteira responsabilidade. Mas uma coisa é certa: estamos sendo avaliados por isso.

Ps: fica a dica: http://vocesa.abril.com.br/blog/marcio-mussarela/2010/10/27/o-que-suas-redes-sociais-revelam-sobre-voce/

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Qualidade de Vida no Trabalho: atingir metas e possuir uma causa

Meses atrás, precisamente em maio, ao escrever sobre qualidade de vida no trabalho enfatizei que ela é fruto de uma relação de reciprocidade entre o colaborador e a empresa, visto que, “o profissional faz a gestão de suas relações e de seu tempo e a instituição valoriza e promove o trabalho e o desenvolvimento dos seus profissionais” (neste blog, em 1º de maio).

Volto a esse tema por uma razão simples: estamos concluindo o ano letivo e é inevitável que façamos, consciente ou inconscientemente, um balanço das nossas conquistas. É nesta hora que olhamos para trás e avaliamos se realizamos os sonhos que sonhamos; se concretizamos nossos desejos.

Com isso quero dizer que, ainda que os condicionais externos (colegas, autoridade, política institucional, ambiente de trabalho) sejam variáveis que devam ser levados em conta, o que determina a qualidade de vida no trabalho são as metas que cada profissional estabelece e atinge e a causa que ele defende.

Faço essa afirmação, neste momento, tendo como suporte meus parcos conhecimentos sobre bioquímica e neurociência que advogam que quando as metas são alcançadas ou superadas áreas cerebrais e o sistema de recompensa são ativados. Podemos dizer que o cérebro gosta de desafios e estar na zona de conforto é um tédio para ele.

O segundo aspecto, uma causa para defender, está intimamente relacionado com o significado que damos às coisas que fazermos, sejam elas quais forem. Em outras palavras: por que treinamos um time de adolescentes? Qual é o motivo de ensinarmos crianças a nadar? O que queremos quando prescrevemos uma sessão de ginástica para idosos?

Podemos responder às essas perguntas pelo referencial científico da área ou pela necessidade de pagar as contas ao fim do mês. Essas respostas são legítimas, mas não garantem a minha qualidade de vida no trabalho. Pois é aquilo que faço e no qual me reconheço que dá sentido à minha causa, ao meu trabalho.

O que me desafia e o que eu defendo enriquecem a minha experiência humana e me movem.


Ps: estou no twitter (@ritaveren) e o mais legal é que meus alunos estão me ensinando como usá-lo.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Trabalho em Equipe e Sucesso Compartilhado: esse é o novo paradigma

Embora não faça parte da comunidade “galera zumbi”, cujos membros estão acordando todas as madrugadas para assistir aos jogos da seleção feminina no Japão, estou acompanhando com entusiasmo os jogos possíveis e todas as notícias do Campeonato Mundial Feminino de Voleibol que são veiculadas na televisão e na web.

É saboroso notar como as jogadoras estão desempenhando com competência funções que supostamente não se esperam delas. A atacante que defende; a defensora que ataca, a líbero que levanta, a levantadora que bloqueia, a bloqueadora que passa. Pois é: assim se constitui uma equipe de trabalho que tem metas ambiciosas.

Mais saboroso, ainda, é ouvir as declarações das jogadoras e do técnico nas entrevistas coletivas: ainda que a mídia insista em criar o ídolo e exalte a desempenho de uma das componentes da equipe, as declarações vão sempre na mesma direção: “a equipe jogou com responsabilidade e unida”; “os pontos que fiz foram para a equipe”; “fiz muitos pontos porque alguém defendeu lá atrás”; bloqueei muito porque o saque entrou”.

A responsabilidade coletiva e a consciência de que o destaque é o trabalho em equipe é uma maneira nova de compreender como se atingem as metas, assim como, o sucesso compartilhado é a forma mais eficaz de evitar o estrelismo e o rompimento da equipe.

Domingo saberemos quais são as seleções que ocuparão o pódio. Independente do lugar destinado ao Brasil, posso adiantar com convicção que a equipe brasileira é vencedora e defende as cores do meu país.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Economia e Oportunidade de Negócios na Sociedade do Conhecimento II

Na semana passada, depois de caracterizar a Sociedade do Conhecimento e afirmar que a principal matéria-prima para a produção de riqueza nesta sociedade é a informação e o conhecimento, sugeri que pensássemos sobre qual é o impacto desta nova realidade na vida e nos negócios do profissional de Educação Física.

É importante lembrar, também, que nesta Sociedade há pouco emprego e muitas oportunidades de trabalho para os prestadores de serviços nos setores da saúde, da educação e de entretenimento.

Posto isso, é de se esperar que as oportunidades de negócios na nossa área se desenvolvam desde que o profissional possua determinadas características: tenha uma atitude investigativa e um comportamento empreendedor.

Sob o ponto de vista da atitude investigativa, poderíamos afirmar que o profissional deve priorizar o processo contínuo de aprendizagem para que possa se tornar um produtor de conhecimentos (conteúdos) pelos quais as pessoas estejam dispostas a pagar para adquirir.

No que concerne ao comportamento empreendedor, é preciso salientar que os negócios em Educação Física podem ser formalizados através de projetos, muitas vezes personalizados e/ou customizados, com contratos temporários, que podem ou não serem renovados e que dependerá, para crescer, de parcerias com outros profissionais que tenham negócios complementares.

Neste cenário, no qual o conhecimento é a matéria-prima e fonte de riqueza, pesquisa e inovação são os pilares que sustentam qualquer negócio e o seu valor será calculado pelo grau de qualificação daqueles que pertencem ao negócio.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Economia e Oportunidade de Negócios na Sociedade do Conhecimento I

Gosto muito da ideia de que a vida é uma sucessão de ciclos que quando se completam abrem novos caminhos para que outros ciclos se iniciem. A história da Humanidade também pode ser contada por ciclos e, dependendo do recorte, podemos dar ênfase aos ciclos sociais, políticos ou econômicos.

Nos primórdios da civilização, o homem usava utensílios feitos com pedra, bronze ou ferro para garantir sua segurança e sua sobrevivência, através da agricultura. A partir do século XIX, a produção de riqueza passa a estar relacionada com a utilização de outras matérias-primas: carvão e petróleo foram usados para alimentar a produção industrial.

No final do século XX, observamos o início de um novo ciclo, baseado em outra matéria-prima e na predominância de outra atividade produtiva. Na Infoera ou Sociedade do Conhecimento a matéria-prima essencial para produzir riqueza é a informação e o conhecimento e a atividade produtiva predominante está relacionado com a prestação de serviços.

O conhecimento, como matéria-prima deste novo ciclo, tem características muito peculiares e que as diferenciam das anteriores. Diferentemente do petróleo ou do carvão, o conhecimento aumenta a medida que é utilizado (difundível), muda para melhor (substituível), é possível acessá-lo instantaneamente (transportável) e sua transferência não impede o uso pelo detentor original (compartilhável).

No que concerne a economia baseada em serviços, podemos destacar o aumento do número de pequenas e médias empresas e os principais setores desta economia são a saúde, a educação (comunidades de aprendizagem) e o entretenimento.

Antes de continuarmos vale uma sugestão e uma pergunta. Releia novamente os parágrafos acima e responda: qual é o impacto desta nova realidade na vida e nos negócios do profissional de Educação Física?

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Eventos Científicos: uma grande oportunidade para fazer networking

Ao longo desta semana, meus alunos estão participando de um evento científico promovido pela Universidade, no qual profissionais e pesquisadores da Educação Física vem compartilhar com eles seus conhecimentos e suas experiências através de palestras, mini-cursos e oficinas.

Lembro-me de que, no meu tempo de universitária, estes eventos eram raros e não havia uma cultura que valorizasse a participação. Hoje é impossível imaginar que um graduando ou um profissional não participe destes eventos, dada sua importância para potencializar a trajetória profissional.

Dependendo da maturidade de cada um, os eventos científicos são uma grande oportunidade para, além de aprender coisas novas, expandir a rede de relacionamentos ou, como se diz no mundo corporativo, fazer networking.

Se considerarmos que durante 2 ou 3 horas (tempo que dura uma palestra ou mini-curso) estaremos com pessoas que tem interesses comuns (a temática discutida) e que estão dispostas a compartilhar conhecimento, é crível acreditar que ali se constitui um ambiente propício e fecundo para parcerias e projetos.

Naturalmente, essas parcerias só darão frutos se estiverem sustentadas em relações de confiança entre as partes. É por esse motivo que elas devem estar pautadas em uma relação de troca na qual todos tem algo a oferecer.

Devem existir várias definições para o termo networking, mas vou criar mais uma: networking é a oportunidade de me relacionar com pessoas que possam me ajudar a concretizar os meus sonhos ao mesmo tempo em que posso ajudá-las a concretizar os seus.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Liderança é prerrogativa daqueles que não tem medo de se responsabilizar pelas decisões.

Estamos na reta final do Campeonato Mundial de Voleibol Masculino sediado em solo italiano. Acompanhei os jogos que pude e torci com paixão pela seleção brasileira e, por isso mesmo, foi doloroso e constrangedor ver esse time entregar o jogo para a Bulgária, no sábado dia 2. Com essa derrota a seleção se beneficiou, pois enfrentou, na fase seguinte, adversários mais fracos e garantiu uma das vagas nas semifinais.

O regulamento, que supostamente tinha a intenção de facilitar as coisas para a Itália, foi muito criticado em sua forma por várias confederações e criou um ambiente no qual as seleções se preocuparam em jogar com a tabela e não pela vitória. Os EUA escolheram perder para a República Tcheca e a Rússia, para a Espanha.

Só por esses episódios, esse Mundial ficará marcado como aquele em que o Esporte foi derrotado por aqueles que deveriam honrá-lo. E isso não tem nada de romantismo ou ingenuidade: conheço muito bem os bastidores do mundo esportivo, mas acredito na vitória e no título conquistado, partida por partida, com muito suor, técnica e tática.

Se não bastasse, as lamentáveis declarações do técnico Bernardinho mancharam ainda mais esse campeonato: “se a Rússia e os EUA entregaram porque estão nos criticando”; “a Bulgária não escalou seus principais jogadores porque eu não iria poupar os meus”. Ou seja, justificou suas decisões em função das decisões dos outros e, em nenhum momento, chamou para si a responsabilidade por elas.

Liderar não é fácil. Liderar é complexo. Liderar é cometer erros. Liderar é ouvir, ponderar, refletir, analisar, perguntar, discutir, mas principalmente, é assumir as decisões e suas conseqüências. Liderar não é escrever livros ou proferir palestras sobre o assunto.

Que os deuses do Esporte perdoem seus (in)fiéis discípulos, pois eles são só humanos (embora, às vezes, posem de semideuses).

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Educação Corporativa: estamos engatinhando na Educação Física

Cena 1: início de agosto; curso de especialização financiado por uma escola; desistência de alguns professores. Cena 2: meados de setembro; entrevista com um coordenador de desenvolvimento de pessoas de uma rede de academias de São Paulo sobre desenvolvimento profissional; para o PIBIC de uma orientanda. Cena 3: hoje, palestra de uma coordenadora da área de educação e tecnologia de uma ONG; política de capacitação de professores com uso das TIC’s.

As cenas descritas acima poderiam compor o roteiro de um filme que, embora aparentemente desconectadas, nos levariam a compreender a importância e o significado de uma política de Educação Corporativa, isto é, de uma política de capacitação profissional planejada e atrelada à estratégia de sustentabilidade de uma instituição e ao seu negócio.

No mundo corporativo, notadamente nas empresas globais e globalizadas, é condição de sobrevivência e competitividade que seus colaboradores estejam sempre ampliando suas competências para garantir inovação e qualidade dos produtos e dos serviços oferecidos. Na Educação Física e para alguns profissionais e gestores essa percepção ainda não é paradigmática. As instituições, com honrosas exceções, aceitam que seus colaboradores não estejam em constante aprendizado e, tão pouco, oferecem oportunidades!

Precisamos urgentemente promover uma mudança de mentalidade, sob pena de comprometermos nossa empregabilidade e, sobretudo, nossa prosperidade.

Se nosso filme estivesse em exibição, poderíamos especular:
a) Como os pais reagiriam ao saber que o professor de seu filho abandonou um curso de especialização?
b) Qual o perfil de profissional que se sentiria atraído por trabalhar em uma instituição que possui uma política estratégica de aprimoramento das competências?
c) Que secretário municipal de educação não gostaria de fazer uma parceria com uma ONG que tem kwon-how na capacitação de professores?

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Preparação Profissional em Educação Física em face à Regulamentação da Profissão: a busca da legitimidade social

(artigo originalmente publicado na Revista CREF4/SP, ano 1, nº 2, p, 18-19, 2001)

A sociedade, através de revistas especializadas, jornais e programas de TV, está recebendo uma intensa carga de informação sobre a prática da Educação Física que a médio prazo resultará em clientes mais exigentes e bem-informados.

Paradoxalmente, essa democratização de informações e seu acesso facilitado ainda não refletem o papel do profissional de Educação Física como formador de opinião na área: pouco se vê os profissionais de Educação Física sendo responsáveis por matérias ou sendo entrevistados pelos meios de comunicação.

Embora a regulamentação da profissão e a criação dos Conselho Federal e dos Conselhos Regionais digam respeito à atuação profissional, sua inserção no mercado de trabalho e sua relação com a prestação de serviços à sociedade, não podemos deixar de considerar que essa nova realidade impulsionará uma discussão vital para a Educação Física: o que caracteriza a competência do profissional da área e qual a responsabilidade dos cursos de graduação no desenvolvimento desta competência.

O diploma universitário e o registro profissional são condições necessárias para a atuação, embora não sejam suficientes. Um papel carimbado e chancelado por uma instituição de ensino superior e o número do “CREF” dão ao seu portador as condições legais de atuação, mas não legitimidade social.

Os cursos de graduação devem instrumentalizar seus graduandos para que estes possam reconhecer oportunidades de atuação profissional ao invés de repetir conteúdos consagrados e, pro vezes, ultrapassados. É inadequada e desajustada a ideia segundo a qual os cursos de graduação devam estar preocupados com as demandas atuais do mercado de trabalho, pois o graduando, que atualmente está buscando através de um curso de graduação condições para atuação, será um profissional que construirá sua carreira ao longo de décadas e não podemos garantir que as demandas do mercado de trabalho permanecerão semelhantes às atuais.

A principal responsabilidade dos cursos de graduação é desenvolver nos graduandos uma atitude positiva frente ao conhecimento e um estado permanente de aprendizagem. Fundamentalmente, toda e qualquer profissão pressupõe um conjunto de conhecimento que lhe é próprio e que embasa atuação profissional. Assim, o profissional de Educação Física é aquele que é capaz de justificar, a partir de conhecimentos adquiridos na vida profissional, suas ações, seus procedimentos, suas condutas e suas decisões profissionais.

Infelizmente, ainda encontramos cursos de graduação que priorizam as receitas, as fórmulas de ensino, ignorando que cada ser humano tem características próprias para a aprendizagem e necessidades pessoais a serem satisfeitas. Cabe ao profissional identificar, planejar, orientar, executar e avaliar programas de Educação Física que correspondam às características, necessidades, potencialidades e expectativas motoras das pessoas. E cabe, portanto, aos cursos de graduação subsidiar os futuros profissionais para realizarem tal tarefa, uma vez que aí estão as características de sua profissão e desenvolver neles as habilidades de reflexão e análise sobre a relação ser humano e movimento.

Todas as profissões estão sentindo o impacto da tecnologia e da automação do trabalho que vem mudando sensivelmente as condutas profissionais. A tendência do mercado de trabalho é absorver profissionais que exerçam funções pensantes e, muito possivelmente, haverá pouco espaço para profissionais que só saibam executar tarefas rotineiras e repetitivas.

Muitos dos profissionais (e graduandos) de Educação Física possuem um forte apreço pelo senso comum e pelos modismos sazonais. Talvez seja hora de mudarmos essa situação: de observadores e consumidores passivos para solucionadores de problemas; de espectadores para protagonistas de nossas competências.

Em uma sociedade de constantes e velozes transformações, a aprendizagem é um processo contínuo e inacabado, as competências e saberes, transitórios. Para os graduandos, a aproximação com o cotidiano de trabalho é fundamental, desde que nesse ambiente haja espaço para o aprendizado mútuo entre graduandos e profissionais experientes e qualificados, com a supervisão de um docente universitário.

Neste cenário, os estágios supervisionados adquirem um papel central de reflexão e aprimoramento do futuro profissional e não podem, de forma alguma, se tornarem uma possibilidade de exploração de mão de obra barata e insuficientemente qualificada. A realidade tem mostrado que depois de dois ou três anos trabalhando com salários aviltantes, o graduando, agora diplomado, é substituído por outro “estagiário” que aceita as mesmas condições. Falta-nos consciência profissional.

Os cursos de graduação em Educação Física são responsáveis por transmitir ao seu corpo discente competências técnicas, pedagógicas e políticas. Por competência técnica entenda-se conhecimento sobre o ser humano, suas necessidades, potencialidades, possibilidades motoras e as implicações da atividade física para as pessoas. Por competência pedagógica entenda-se conhecimento sobre os processos de ensino-aprendizagem, seleção de conteúdos, avaliação dos programas e, por competência política, conhecimento sobre responsabilidade e compromisso profissional, sobre cidadania e ética.

Os cursos de graduação dão início àquilo que delineará o perfil da profissão e do profissional e as competências acima descritas, ainda que sumariamente, caracterizam este perfil e a posse delas transforma a graduando em profissional.

No entanto, se a sociedade não for capaz de reconhecer e diferenciar os serviços prestados por um profissional dos prestados por um não-profissional, de pouco terá valido a regulamentação da profissão porque em última instancia é ela, a sociedade, quem julga e escolhe de que vai comprar os serviços.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Regulamentação da Profissão: entre os direitos profissionais e os deveres com a sociedade

Tenho uma predileção antiga pelo mês de setembro, pois com a chegada da primavera, a cidade fica mais bonita e colorida e presenteio as pessoas queridas com flores. Por coincidência, é no primeiro dia do mês que comemoramos o Dia do Profissional de Educação Física e aproveito para saudar meus alunos com chocolate.

O dia 1º de setembro foi escolhido tendo em vista que foi nesta data que a Lei nº 9.696/98, que regulamenta a profissão, foi sancionada. Ora, mas o que significa para nós, profissionais de Educação Física, a regulamentação da profissão? Considerando que a prestação de serviços na área é tão antiga (remonta às aulas nos colégios no século XIX) qual o impacto da regulamentação há pouco mais de 10 anos?

Em termos gerais, uma atividade profissional quando é regulamentada distingue, dentro da sociedade, aqueles que têm o direito legal de exercer a profissão daqueles que não têm. Essa distinção se dá através do diploma de graduação, que certifica que seu portador concluiu o curso universitário, e do registro profissional, que reconhece que ele pertence a uma classe profissional e têm direitos e deveres.

Os direitos estão relacionados à exclusividade da intervenção, à reserva de mercado e à garantia de que não haverá concorrência desleal por parte daqueles que não investiram tempo e dinheiro na sua formação acadêmica e, por isso mesmo, se dispõem a oferecer seus serviços por um preço menor.

No entanto, é no campo dos deveres que a regulamentação da profissão se constitui como algo crucial para a qualidade dos serviços e para a legitimidade social. Pertencer a uma profissão regulamentada significa que, ao longo da carreira, o profissional deve investir sistemática e regularmente nas suas competências e no seu aprimoramento. É impensável, para a manutenção do status da profissão, admitir que seus membros não se dediquem aos estudos e desenvolvam um comportamento científico.

Comemorar o Dia do Profissional de Educação Física é renovar, todo ano, o compromisso com a competência e com a qualidade dos serviços prestados.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Gestão da Carreira em Educação Física: responsabilidade profissional e institucional III

Segundo a Wikipédia, trilogia é um conjunto de três trabalhos que estão conectados entre si, mas podem ser compreendidos individualmente. Desta forma e, como prometido, concluo a trilogia Gestão da Carreira em Educação Física na esperança de que minhas reflexões possam ampliar os caminhos dos profissionais. Modestamente, aproveito para homenagear minhas trilogias favoritas: Bourne e Star Wars (que são duas trilogias, por certo).

A primeira vista pode parecer forte demais o que vou dizer, mas, ainda sim, é preciso: a instituição na qual trabalhamos não existe para satisfazer os interesses dos seus colaboradores e os profissionais não existem para satisfazer os interesses da instituição. No entanto, a oportunidade de parceria se origina, justamente, no ponto de intersecção destes interesses.

Desta forma, a construção da carreira profissional, enquanto projeto pessoal, intransferível e consciente, pode ser compartilhado com uma instituição se houver interesses em comum. Por sua vez, é através do diálogo que ambas as partes comunicam, umas às outras, suas expectativas.

Essa comunicação pressupõe dois requisitos que, sem os quais, ela ficará muda. A primeira se refere ao profissional e à clareza sobre seu projeto de carreira e depende do diagnóstico das competências, do estabelecimento de objetivos, da identificação das oportunidades e do desenvolvimento do plano de ação. Isto posto, é de responsabilidade exclusivamente do profissional, identificar seus pontos fortes e suas carências, definir metas de trabalho, disponibilizar-se para o novo e planejar as ações.

O outro requisito se refere às possibilidades que a instituição oferece e depende da política de capacitação, das chances de se alcançar os objetivos, das oportunidades existentes e do espaço para a implantação de projeto. Assim, é de responsabilidade da instituição garantir oportunidades de aprimoramento profissional, reconhecer que o profissional tem intenções, criar um ambiente estimulante e desafiador e acolher e dar condições para o desenvolvimento do novo.

Em síntese, poderíamos afirmar que gestão de carreira é
  • estar atento aos condicionantes do mundo do trabalho em Educação Física;
  • romper com uma estrutura de pensamento que reforça a ideia de empregado/empregador;
  • posicionar-se como parceiro de negócio;
  • ter consciência da importância das relações profissionais (marca);
  • admitir que as partes tem interesses próprios e, principalmente, valorizar os interesses comuns;
  • ter clareza de que a carreira é de responsabilidade do profissional e que a instituição deve ser parceira e acolher o novo, ainda que tenha limites.
  • perguntar-se, diariamente, “Qual é o significado do trabalho em minha vida?”

Como as trilogias são sagradas, pois nos remetem a santíssima trindade, vale a pena lembrar que “os desejos mais puros e ardentes são sempre realizados” (Gandhi).

Em tempo: agradeço, mais uma vez, o honroso convite do Grupo de Coordenadores das Escolas de Esportes para participar do XV Workshop.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Gestão da Carreira em Educação Física: responsabilidade profissional e institucional II

“Quando estava ficando bom, você interrompeu o texto!!”. “Ops!! Desculpa aí”. Esse diálogo só tem sentido com essa explicação: recebi uma bela bronca de 2 alunos que leram o artigo postado na semana passada e que é fruto da palestra proferida no XV Workshop das Escolas de Esporte promovido pelo Grupo de Coordenadores das Escolas de Esporte de São Paulo. Entonces, adelante!

Considerando que devemos estabelecer com a instituição na qual trabalhamos uma relação de troca e de parceria, precisamos ter em mente que ambos os lados precisam se beneficiar desta relação. No entanto, não podemos nos esquecer que “sentir-se beneficiado” está relacionado com desejos e aspirações e estes sentimentos mudam com o passar do tempo.

Para refletir sobre a gestão da carreira é importante considerar que existem variáveis que, interligadas entre si, dão movimento a ela, como uma engrenagem. Essas variáveis estão relacionadas com aspectos profissionais (posicionamento, realizações, ciclos, autoconhecimento), com aspectos institucionais (metas e objetivos, pressões sociais) e, principalmente, com a inter-relação destes aspectos (diálogo sobre as expectativas profissionais e institucionais), sem deixar de se considerar o dinamismo da sociedade.

Isto posto, arriscaria afirmar que a carreira está relacionada com nosso posicionamento e o espaço que as nossas realizações ocupam. Envolve ciclos que refletem tanto nossas motivações pessoais quanto as pressões institucionais e sociais. É fruto do autoconhecimento e da consciência das nossas potencialidades, possibilidades e fraquezas. Pressupõe o diálogo entre as expectativas pessoais e institucionais em um cotidiano dinâmico e imprevisível.

O grande desafio está em se ter clareza dos nossos desejos e como conciliá-los com o desejo do outro.

Ps: London e Stumph (1982), estudiosos do tema, têm a seguinte definição: “Carreira são as seqüências de posições ocupadas e de trabalhos realizados durante a vida de uma pessoa. A carreira envolve uma série de estágios e a ocorrência de transições que refletem necessidades, motivos e aspirações individuais e expectativas e imposições da organização e da sociedade. Da expectativa do indivíduo, engloba o entendimento e a avaliação de sua experiência profissional , enquanto da perspectiva da organização engloba políticas, procedimentos e decisões ligadas a espaços ocupacionais, níveis organizacionais, compensação e movimento de pessoas. Estas perspectivas são conciliadas pela carreira dentro de um contexto de constante ajuste, desenvolvimento e mudança”

Ps2: aviso aos navegantes: semana que vem concluímos.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Gestão da Carreira em Educação Física: responsabilidade profissional e institucional I

Na semana passada tive o privilégio de participar, como palestrante, do XV Workshop das Escolas de Esporte promovido pelo Grupo de Coordenadores das Escolas de Esporte de São Paulo. Esse evento congrega profissionais e estagiários de Educação Física dos clubes e das escolas de esporte paulistanas, além de estudantes.

Consciente da responsabilidade, parti do pressuposto de que é exageradamente pretensioso julgar que se pode dizer a um adulto o que ele deve fazer da sua vida, embora seja razoavelmente maduro acreditar que cada um é responsável pelas suas escolhas. Desta forma, pareceu-me honesto compartilhar com colegas aquilo que acredito e como conduzo a minha vida profissional.

Fazendo uma radiografia singela do mundo de trabalho em Educação Física, podemos observar que existem variáveis que estão dando a ele contornos próprios: impacto da tecnologia, aumento do número de prestadores de serviços (players), maior competição pelos clientes e diversidade das opções de lazer.

Ainda que esse cenário não seja novo e venha impactando, há algum tempo, a maneira como nos relacionamos com o mercado e com os clientes, nós continuamos sofrendo com ele devido ao modo como nos posicionamos frente à nossa carreira. Isso significa que, necessária e urgentemente, precisamos promover uma mudança no nosso comportamento e, isso só será possível, se a nossa forma de pensar mudar.

Mudança de mentalidade. “É mais fácil ganhar a Maratona de São Paulo”, comentou um colega. Pois é, também exige dedicação, perseverança e treinamento. Mas, sabemos que, a despeito do clichê, nada que seja valioso é fácil de conquistar.

É hora de abandonarmos a lógica de empregado/empregador e estabelecer com a instituição uma parceira de negócio. Para isso vale perguntar:
  • É estratégico para a minha marca estar associada à marca da instituição na qual trabalho?
  • A marca da instituição na qual trabalho agrega valor à minha marca?
  • É estratégico para a marca da instituição na qual trabalho estar associada à minha marca?
  • A minha marca agrega valor à marca da instituição na qual trabalho?

Ps: os slides estão publicados.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Empregabilidade em Educação Física: as relações não duram para sempre

Nesta semana, durante uma aula cujo assunto versava sobre as relações de trabalho em Educação Física, os graduandos mostraram-me como estão conscientes de que, diferente de seus pais ou avós, que trabalharam por décadas na mesma instituição, eles provavelmente terão outra história profissional para contar aos seus filhos.

Considerando que todas as relações humanas são delicadas e frágeis, para mantê-las é preciso cuidar para que os envolvidos se sintam mutuamente atraídos. Na vida profissional não é diferente, pois a relação entre o profissional e a instituição na qual ele trabalha é uma relação de troca e, enquanto as partes precisarem uma da outra, o contrato continua.

Uma vez desfeitos os laços de atração e de interesse mútuo é hora de se lançar às novas relações e estabelecer novos contratos. Mas para que isso aconteça é preciso conhecer as demandas do outro e ter algo a oferecer, e isso só é possível se o profissional cuidar da sua empregabilidade.

Embora não haja uma definição única para o termo, poderíamos caracterizar empregabilidade como a capacidade que um profissional tem em se manter atraente para o mercado e obter trabalho e gerar renda. Neste caso, “manter-se atraente” significa possuir conhecimento e ser capaz e estar disposto a aprender rápido e constantemente.

Deste modo, é saudável cuidar da empregabilidade enquanto se está empregado. Investir na ampliação do conhecimento técnico e cultural, estar atento às demandas e às oportunidades do mutável mundo do trabalho, ter clareza de que a carreira é responsabilidade exclusiva do profissional, gostar do que faz e fazer bem feito, manter azeitada a rede de contatos e desenvolver o gosto pelo novo são comportamentos que podem nos ajudar a permanecer no jogo corporativo.

Na vida profissional não há garantias. O imprevisível é um deus que ronda nossos dias e, pensando positivamente, pode nos trazer deliciosas surpresas e nos levar por outros caminhos se estivermos diariamente semeando o futuro.

Ps: meu irmão, que faz aniversário hoje, é médico veterinário e por muito anos realizou as tarefas típicas da profissão. Atualmente, ele trabalha em uma empresa que desenvolve projetos para construção de hidrelétricas. Sua função: avaliar o impacto ambiental destas construções na fauna da região e planejar o manejo dos animais para outro habitat.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Esporte: mil e uma utilidades

(artigo originalmente publicado no Jornal da Universidade São Judas Tadeu, em 1993)

Nas últimas décadas o esporte adquiriu um espaço importante no cotidiano das pessoas e, por suas características, tornou-se um fenômeno de comunicação.

É curioso observar como, embriagado pela atmosfera esportiva, o comentarista de TV procura elevar o grau de despojamento e intimidade com seus telespectadores. Sem o menor constrangimento pronuncia um sonoro “alô, galera”, enquanto seus colegas discretamente entoam um “boa noite”. Esta intimidade (desejada) parece refletir a expectativa de se criar certa dose de cumplicidade, familiaridade em torno das pessoas, entendendo-se, então, porque se fala em “nação corintiana”.

Partindo do ponto de vista lingüístico, o esporte empresta à comunicação diária expressões do seu universo que são compreendidas mesmo por aqueles que não estão envolvidos pelo cotidiano esportivo.

Não raro, em uma discussão, é possível ouvir afirmações tais como “xi, embolou o meio de campo” ou “fulano só dá bola fora”. Até mesmo no âmbito sentimental afirma-se: “ele tanto fez que tomou cartão vermelho da namorada”.

O esporte sempre esteve na moda. “Esporte fino” recomenda o convite. E também quando se trata de assuntos reais: “comentar o romance entre o príncipe Charles e sua amiga tornou-se o esporte principal dos ingleses”, esclarece o correspondente internacional.

O esporte empresta ainda sua imagem para decorar um produto. Ao acreditar no binômio esporte/saúde, esporte/vigor ou esporte/beleza vende-se iorgute, chocolate, refrigerante e até cigarro! Por uma bagatela é possível comprar um carro: “veloz, arrojado, moderno. Enfim, um carro esportivo”.

Esta fusão do esporte com a publicidade é tão clara e direta ao pode de se poder confundir um piloto de Fórmula 1 com um outdoor ambulante.

Mas é do ponto de vista psicossocial que todo o universo simbólico do esporte se evidencia na totalidade. A humanidade precisa (precisa?) de mitos e ídolos e a cada quatro anos elegem-se os heróis do Olimpo. A vitória de um time é a demonstração conclusiva da superioridade de uma raça (pelo menos foi assim que pensou Hitler e seus amigos).

A quebra de um recorde é o clímax; a bandeira no topo e o hino nacional tocando levam todos às lágrimas. Cristaliza-se o fenômeno da transferência de identidade: a realização através do outro.
Com seu inegável poder de sedução, o esporte não passa despercebido pela política e torna-se um instrumento ideológico usando independentemente do regime. Tanto a democracia quanto a ditadura conhecem esse poder. Com efeito, um candidato a qualquer cargo público precisa aparecer vestido coma camisa do “seu” clube. No corre-corre por uma vaga no legislativo, os jogadores e dirigentes se valem da imagem de vencedores para conquistar o voto. Nas propostas só dogmas: “fazendo esporte a criança estará longe das dorgas”; “o esporte ensina a perder e a ganhar”.

Não obstante, aqueles que ocupam cargos no executivo sempre arrumam um jeito de posar com atletas ou, o que é pior, de atleta.

Cumplicidade, despojamento, saúde, elegância, vigor, superioridade, dinamismo, autopromoção são algumas das referências próprias do esporte. Eficiente veículo de mensagem; eficaz garoto-propaganda.

A abrangência do significado da palavra “esporte” é tal que se estende desde o caminhar no parque até o concentrar-se no centro de treinamento à espera da final. Esta abrangência é, sem dúvida alguma, abusiva.

Cometer exageros sobre o conceito do termo “esporte” não é privilégio dos leitos. Os próprios profissionais da área não identificam com clareza os limites deste conceito. Os “especialistas” ainda insistem em chamar um corredor de final de semana de praticante de esporte.

É preciso, definitivamente, tratar o esporte com mais rigor. Não se pode mais, pela própria complexidade do fenômeno, confundi-lo com atividade motora. Correr na praia, pedalar no parque, jogar bola ou nadar no verão não caracteriza a prática de esporte. o aprendizado e a prática de tarefas motoras não podem ser confundidas com o aprendizado e a prática esportiva pois, possuem finalidades e sujeitos diferentes.

Classificar o esporte em três categorias – esporte-performance, esporte-educação e esporte- participação – é uma balela. A performance e o rendimento são a própria essência (e definição) do esporte; não existe esporte sem comparação e valorização do resultado.

Nada por si só é educativo. Enquanto instituição, o esporte, assim como a igreja, a família, a escola e a televisão transmitem valores e juízos. O esporte ensina tanto a ser leal com o adversário como a ser agressivo com o juiz; ensina tanto a respeitar regras como burlá-las.

“Esporte é para todos” gritam os desavisados. Mera ilusão! O esporte é para poucos ou para aqueles que reúnem características anatômicas, fisiológicas, biomecânicas e psicológicas muito bem definidas. Oscares, Hortências, Rais fazem parte de um grupo muito seleto.

Com suas características contemporâneas, ao esporte é imprescindível unir os conhecimentos da ciência. Isto significa constituir uma equipe multidisciplinar de nutricionistas, psicólogos, fisiologistas, para que se possa chegar ao que interessa: a vitória.

Isto significa dizer, portanto, que o universo esportivo PE altamente planejado e sofisticado; à maioria dos mortais resta o encantamento.

Bem, se o esporte exige todas as características acima, quem são os anônimos corredores e ciclistas dos parques? Quem são os ilustres desconhecidos caminhantes matinais?

Certamente são pessoas que têm, incorporados aos seus valores, a prática da atividade motora regular. Alheias à ditadura dos shorts agarrado, do tênis importado e da camiseta fosforescente, essas pessoas possuem conhecimento sobre a importância desta atividade, realizando-a sistematicamente e, apesar disto, não podem ser confundidas com atletas.

Isto posto, poder-se-ia dizer, sim, que essas pessoas têm uma atitude positiva frente à atividades motora, ou seja, são pessoas “motoramente educadas”.

Dentro desta perspectiva e em torno da prática da atividade motora, existem situações diferenciadas. De um lado, o esporte caracterizado pela performance, pelo treinamento, pela vitória, pelo biótipo adequado etc. De outro, as pessoas que procuram com a atividade motora regular o seu bem-estar.

Ps: Ontem, um aluno, pelo qual tenho um carinho especial, comentou: “Rita, a Bete solicitou a leitura de três artigos seus.” Fiquei lisonjeada por várias razões e, entre elas, por ter sido “a Bete” que solicitou. Este é um deles.

sábado, 7 de agosto de 2010

Como aproveitar o potencial da Web 2.0 e das mídias sociais nos negócios da Educação Física?

Depois das merecidas férias de julho, a primeira semana do semestre letivo é pautada pelo mesmo ritual: conhecer os calouros, rever os veteranos, apresentar as disciplinas e estabelecer o contrato pedagógico. Entre uma tarefa e outra aproveitamos para conversar sobre os episódios esportivos do mês, ou seja, o resultado da copa, a escalação e o novo técnico da seleção, os jogadores nas páginas policiais, as determinações da Ferrari para o Massa, a ultrapassada do Rubinho e, naturalmente, os comentários dos jogadores do Santos, via web.

Sobre esse episódio não faltaram opiniões e essas variaram dependendo do interlocutor. Ouvimos que foi imaturidade e/ou despreparo dos jogadores, falta de educação e/ou de berço, ingenuidade e/ou soberba, molecagem e/ou babaquice. Talvez seja tudo isso e mais um pouco, todavia, com certeza, em tempos de mídias sociais, o que se diz e o que se mostra adquiri uma visibilidade explosiva.

Ainda que tenha sido necessário confeccionar uma cartilha para orientar a conduta e o uso das ferramentas, o mundo corporativo, ao perceber que a Web 2.0 faz parte do cotidiano dos seus colaboradores e dos seus clientes, encontrou formas de lidar com elas e tirar proveito disto para o seu negócio.

O mesmo não acontece com as instituições ligadas à Educação Física e ao Esporte. As academias, clubes e associações que prestam serviços na área e, principalmente, os profissionais, ainda não se despertaram para as possibilidades e oportunidades do uso destas ferramentas para agregar valor aos seus serviços.

Imaginem o seguinte: em plena primeira rodada do Grand Prix de Voleibol Feminino, o técnico do time juvenil do clube X poderia publicar, no site deste clube, para todos os sócios e, também, para as suas atletas uma análise tática da vitória do Brasil contra o Japão, na manhã de hoje. E aí, talvez, quem sabe o clube poderia encontrar um fabricante de material esportivo disposto a patrocinar esse espaço e, logicamente, o autor dos conteúdos, que neste caso, é o profissional de Educação Física.

Que tal? Parece muito futurista?

ps: em 15 de maio publiquei um artigo relacionando o uso da Web 2.0 e a Educação Física escolar.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Comportamento Profissional: é preciso cultivar a carreira

“Eles precisam ter a noção clara da responsabilidade que é ser jogador profissional de futebol e, ainda mais, da seleção brasileira. A partir do momento que qualquer ato fora do nosso trabalho se refletir em um prejuízo para a seleção brasileira e para a imagem dela, a conversa será objetiva” (SporTV, 26/07/2010). Essa foi a resposta dada por Mano Menezes na primeira entrevista coletiva que concedeu como novo técnico da seleção quando perguntado sobre até que ponto a vida extracampo dos jogadores irá influenciar na convocação dos mesmos.

“Quando, de algum modo, a conduta de um jogador longe dos gramados começa a atrapalhar seu desempenho em campo e ainda mancha a imagem da instituição, isso passa a ser, sim, um problema do clube, que precisa resolvê-lo sem passar a mão na cabeça de ninguém (...). Craque tem obrigações a cumprir como qualquer profissional – não está acima do bem e do mal” (Revista Veja, 28/07/2010, p. 20). Essa foi a afirmação feita por Zico na condição de diretor executivo de futebol do Flamengo.

Do que estamos tratando aqui? De comportamento profissional, de desempenho, de imagem e de como se administra uma carreira. É preciso compreender que a maneira como as relações se estabelecem influencia os negócios da sua marca e o quanto outras marcas estão disposta ou não a se associar a ela.

Vejamos as reflexões de profissionais ligados ao mundo corporativo e estudiosos sobre o assunto.

“No mundo corporativo, as atitudes repercutem entre colegas, subordinados e clientes. Antes de contratar alguém verificamos referências com muitas pessoas e não só com antigo chefe. Uma imagem ruim no mercado certamente prejudica a contratação. Nas empresas, também é preciso pensar muito bem antes de fazer concessões a um funcionário que se destaca. Você pode motivar um e desmotivar muitos outros em volta”.

“As empresas são menos complacentes do que uma agremiação esportiva (sim, no Brasil, os times ainda não funcionam como negócio) e as notícias ruins se espalham rapidamente.”

“Reputação é uma relação entre identidade (o que sou e como me comporto) e a imagem (como os outros me percebem). E define a credibilidade, confiança e nível de comprometimento nas organizações.”

“A carreira deve ser posicionada como um produto, ou melhor, como uma marca que precisa disputar seu lugar no mercado, da mesma maneira que as empresas fazem com seus bens e serviços. A marca profissional deve estar associada à sua identidade e a seus atributos. Para transmitir sua identidade é preciso escolher um posicionamento correto, mostrando com clareza atributos. A qualidade na execução determina a excelência, mas a imagem no mercado também é um valor.”

Caríssimos, é ingenuidade imaginar que esse assunto não nos diz respeito. É preciso cultivar a carreira.

Ps: os trechos acima foram retirados da reportagem “E se Adriano trabalhasse numa empresa?” (Revista VocêSA, abril de 2010, p. 75) e pode ser acessada em http://vocesa.abril.com.br/desenvolva-sua-carreira/materia/se-adriano-trabalhasse-numa-empresa-546375.shtml

Ps2: a entrevista de Zico (O Fla não aceita bandido) pode ser acessada em http://veja.abril.com.br/acervodigital/home.aspx?edicao=2175&pg=10

Ps3: a entrevista de Mano Menezes pode ser acessada em http://sportv.globo.com/videos/v/mano-sobre-a-vida-extracampo-dos-jogadores-se-atrapalhar-a-conversa-sera-objetiva/1307423/#/Futebol/Entrevistas/page/1

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Como vai sua satisfação no trabalho?

Em época de dilúvio e de férias aconteceu o inevitável: horas de espera na sala de embarque do aeroporto. Depois da leitura do jornal, do caminhar à toa pelo saguão, do bisbilhotar as lojas de souvenir, sentei-me e, minutos depois, “pus reparo” na conversa de dois rapazes que discutiam sobre suas vidas profissionais.

Aparentemente, ambos pertenciam à mesma faixa etária, tinham boa formação e experiências de vida típicas dos atuais jovens profissionais. Um deles, no entanto, pareceu-me, ao relatar seu cotidiano de trabalho (tarefas e projetos), muito satisfeito enquanto o outro, não. Desta observação para a pergunta foi um pulo: o que leva alguém a estar satisfeito com o que faz?

Existem inúmeras variáveis que, interligadas entre si, favorecem (ou não) a vida profissional. Poderíamos classificá-las como ambientais e pessoais. As variáveis do primeiro grupo são aquelas relacionadas com o local do trabalho e as do segundo grupo são aquelas relacionadas com o profissional.

Perguntas importantes para checar as variáveis ambientais: vale à pena trabalhar nessa instituição? É estratégico associar minha marca à da instituição? As relações com os colegas, com os superiores e/ou subordinados são respeitosas? Sou valorizado? Tenho condições e/ou estrutura de trabalho? Estou tendo oportunidades de aprimoramento?

Para checar as variáveis pessoais vale perguntar: tenho clareza das minhas metas e sei como alcançá-las? Estou aproveitando as oportunidades que aparecem? Sou pessimista e “reclamão”? Como encaro um problema? Como desafio? Meu desempenho faz diferença? Estou comprometido com a qualidade do meu trabalho?

Existem outras tantas perguntas que podem nos ajudar a avaliar nossa satisfação no trabalho. As respostas para as descritas acima certamente sinalizam em que grau ela está.

Em tempo: para que não haja dúvida, os rapazes sentaram-se ao meu lado e falavam alto!

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Jovens Profissionais: encontro saboroso

Se eu fosse mística, diria que foram os deuses que conspiraram; se fosse astróloga, diria que foi uma conjunção estelar; se fosse cética, diria que foi mera coincidência. Fato é que semana passada alguns de meus ex-alunos e ex-orientandos resolveram, por email ou pessoalmente, entrar em contato comigo.

Poder conversar com eles e saber das novidades é algo que me deixa feliz e com um gostinho de dever cumprido. Enquanto profissionais, esses jovens, estão ampliando suas visões sobre o mundo do trabalho e se posicionando nele, com mais consciência e menos ingenuidade.

Neste processo, são capazes de avaliar seu momento profissional e pessoal e, conseqüentemente, definir quais são suas prioridades. Porque estão mais maduros não se colocam como vítimas e nem responsabilizam os outros pelas coisas que acontecem. “Vão à luta”.

Embora estejam atuando em áreas diferentes, eles tem experiências em comum: aproveitaram as oportunidades que a Universidade ofereceu (grupo de estudos, projetos de extensão, etc), cuidaram de sua marca (seus ex-professores lembram-se deles de forma positiva) e continuam estudando (inclusive, por meio da educação a distância).

Observei, também, que eles comentam com naturalidade seus erros e fracassos. “Fazer o que?”, comentou alguém. “Depois desta, não erro mais!”, completou outro. Ora, todos nós colecionamos frustrações e decepções. Aliás, é através delas que amadurecemos.

Mas vamos combinar: o importante é estar orientado para o futuro.

sábado, 3 de julho de 2010

Processo de Seleção de Profissionais: evitar acidentes é dever de todos.

Para que um negócio sobreviva e prospere existem vários fatores que garantem o sucesso do empreendimento. Entre eles é importante ressaltar aquele que a literatura tem chamado de capital humano: os profissionais que compõem a equipe de trabalho e que respondem pelos serviços a serem prestados.

Desta forma, o processo de recrutamento e seleção de estagiários e de profissionais não pode ser visto como uma tarefa secundária ou pouco importante. Negligenciar esse processo é dor de cabeça na certa; é comprometer a qualidade dos serviços; é expor negativamente a marca.

Dependendo do tamanho e da estrutura do negócio, várias são as fases que compõem o processo de recrutamento e seleção: análise de currículo, prova escrita, entrevista, dinâmica de grupo. Para qualquer uma destas fases, tanto os selecionadores quanto os candidatos, precisam estar preparados, ou seja, precisam fazer a lição de casa. Esse processo não pode ser pautado pelo amadorismo.

Os selecionadores devem ter clareza sobre qual o perfil adequado para a vaga, estudar respeitosamente o currículo, criar um ambiente amigável e cortês. Já os candidatos precisam ter consciência das suas potencialidades e dos seus limites, estudar as características (valores) da instituição e apresentar-se bem.

É importante lembrar que, em uma entrevista, mais do que uma discussão sobre o currículo, portanto, sobre aquilo que já foi realizado, ela é uma ótima oportunidade para se conhecer os projetos e as intenções dos candidatos, portanto, saber sobre aquilo que ele almeja e pretende realizar.

Sabemos que o mundo do trabalho está cheio de oportunidades e que a concorrência entre as instituições está acirrada. Selecionar os melhores é questão estratégica.

domingo, 27 de junho de 2010

Geração Y: novos tempos para a gestão

Ao longo das últimas duas semanas, tive a oportunidade de encontrar-me com coordenadores de escola de esportes de alguns clubes da cidade e coordenadores de departamentos de algumas academias paulistanas. Em razão de seus cargos, esses profissionais respondem pelo desempenho de suas respectivas equipes de trabalho.

Nestes encontros, entre uma consideração e outra, observei que os coordenadores se mostram espantados com a maneira pela qual os jovens profissionais se relacionam com o seu cotidiano de trabalho. “É a tal da geração Y”, concluem.

Ora, de quem estamos falando? Quem são estes serem que chamam tanta a atenção dos mais velhos? Pois bem, vejamos: criado pela sociologia, o termo geração Y serve para designar aqueles que nasceram, mais ou menos, entre 1980 e 1995. Ou seja, são os nativos digitais, acostumados com as tecnologias, que têm maior acesso à informação e que, via de regra, estão mais bem formados.

Do ponto de vista do mundo do trabalho, são aqueles que têm por volta de 18-25 anos e estão construindo suas carreiras na condição de estagiários, recém-formados ou profissionais iniciantes. Em linhas gerais (embora nem todos) são ambiciosos e imediatistas, desprezam a hierarquia, querem aprender, valorizam o trabalho em grupo e se comprometem de forma diferente das gerações anteriores, pois querem liderar projetos.

Para aqueles que respondem pela gestão destes profissionais novas demandas: o ambiente de trabalho precisa ser, necessariamente, desafiador e atrativo; a atenção e o feedback devem ser constantes; o reconhecimento (elogios e premiações) precisa existir; as oportunidades de capacitação e crescimento devem ser claras; os objetivos e as metas precisam ser definidas.

Senhores coordenadores são os novos tempos!!!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Liderança: fruto da sintonia fina entre discurso e ações

Há anos leio revistas de negócio e, através dos conteúdos publicados, amplio meu conhecimento e meu olhar sobre o mundo do trabalho, notadamente, sobre temas relacionados à liderança, carreira, estratégia e gestão. Nas edições deste mês, oportunamente, em época de Copa do Mundo, as revistas trouxeram matérias sobre o impacto deste evento na economia.

Entre todas as que foram publicadas, uma me chamou atenção: aquela que discute a conduta do técnico Dunga na escolha dos jogadores para compor a seleção brasileira de futebol. A despeito das nossas preferências, afinal somos todos especialistas e técnicos, o autor da matéria defende que liderança relaciona-se com coerência entre o discurso e as ações.

Independentemente do papel que desempenhamos, seja como professor, coordenador, supervisor ou diretor, aqueles que compõem a nossa equipe, os alunos ou os profissionais, estão atentos às nossas ações. E são elas que fortalecem ou fragilizam nossa liderança.

O discurso bem articulado e eloqüente pode encantar, mas se não houver sintonia com as ações vira "blá, blá, blá". Os ouvintes podem até gostar e aplaudir, mas, veladamente, não se comprometerão e realizarão seu trabalho como tarefeiros.

O exercício da liderança é fruto de uma relação afinada entre o discurso e as ações, pois só assim podemos esperar aquele “algo mais”. Coerência gera confiança e respeito. E produz entrega. Do contrário....

Ps: já que usei metáforas musicais, vale cantar Titãs: “... eu peço somente o que eu puder dar..”

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Intervenção Profissional: relação entre educação continuada e desempenho

Nesta semana, atendendo um convite, proferi uma palestra cujo objetivo era discutir a educação continuada e seu impacto no desempenho profissional. Em clima de bate-papo, devido ao número de participantes, foi possível conhecer diversas opiniões sobre o assunto.

Partindo do pressuposto de que, de tempos em tempos, o conhecimento envelhece e precisa ser renovado é de se esperar que a qualidade da intervenção dependa de um comportamento ativo na busca de novos conhecimentos.

A educação continuada, portanto, tem uma função clara: possibilitar que o profissional renove e amplie seus conhecimentos. Além disto, acrescentaríamos que é uma oportunidade de trocar experiências e compartilhar sucessos.

O bom trabalho e o desempenho profissional devem ser valorizados e, para isso, é preciso ter parâmetros para identificá-los. Embora a cultura brasileira tenha aversão, hoje é cada vez mais comum falar sobre avaliação de desempenho e ver os profissionais submetidos a esse processo. Observamos, ainda, que para aqueles que são bem avaliados há uma política de premiação e de bônus.

Os críticos dizem que o processo de avaliação de desempenho é imperfeito e possui distorções. É verdade. Mas o que fazer? Como identificar e premiar os profissionais competentes e comprometidos? Como manter a chama da motivação acesa? Por certo, podemos considerar que com o tempo, o processo de avaliação vai sendo aperfeiçoado e as resistências vão diminuindo.

Desempenho profissional está relacionado com conhecimento e, este, com aprimoramento constante. Em um processo de avaliação, o compromisso com a educação continuada é um quesito que precisa ser muito valorizado.

Avaliação de desempenho: esse é um caminho sem volta. Que bom!

sábado, 5 de junho de 2010

Estudar, estudar, estudar... comportamento dos melhores profissionais de Educação Física

Estamos no final do semestre e para quem vive o cotidiano universitário sabe que agora é preciso se preparar para as provas finais. A demanda pelos serviços da biblioteca fica acima da média e não há lugares vagos nas mesas e gabinetes. Na fila, esperando para ser atendida, ouvi dois graduandos conversando. O calouro vira para o veterano e diz: “não vejo a hora de me formar para não ter que estudar mais”. E o veterano dá uma risadinha e responde: “sei. Estou me formando e já escolhi a minha pós”!

Seria tolice ou preconceito imaginar que presenciei uma conversa entre um “vagal” e um “nerd”. Apenas acompanhei dois rapazes conversando e um deles já entendeu qual é o significado do conhecimento para a construção da sua carreira e o outro (ainda) não.

Foi-se o tempo que o diploma de graduação era um diferencial no mundo do trabalho. Hoje ele é apenas o bilhete de entrada e não garante permanecia nele. Dependendo da instituição que chancelou o diploma, seu portador terá mais e melhores portas abertas; dependendo das relações que construiu e das oportunidades que aproveitou, terá maiores chances de se posicionar no mercado. Mas, insisto, sobre sua permanência, não há garantias.

O profissional de Educação Física, enquanto prestador de serviço, deve compreender que seu maior bem é o conhecimento que possui sobre o que faz e considerar que seu concorrente também tem e está buscando mais. Isso não tem nada a ver com concorrência desleal; isso está relacionado com competência e qualidade na prestação de serviços.

As experiências acadêmicas e profissionais são tempos e espaços de aprendizado e não podemos vivê-las sem ter em mente a pergunta: o que vou aprender aqui? Para isso é preciso desenvolver um comportamento positivo frente ao conhecimento e ao aprimoramento constante.

Esse comportamento precisa ser consciente e, estrategicamente, planejado. Afinal de contas, “deixar a vida me levar” só pode dar certo em rima de samba.

domingo, 30 de maio de 2010

Retenção de Clientes = Política de Estágio + Retenção de Talentos

No meio da semana, entre uma aula e outra, aproveitei o intervalo e fui lanchar. No restaurante da universidade, nostalgicamente, fiquei observando alunos discutindo, animadamente, sobre um seminário que estavam preparando. Com laptops, livros e anotações espalhados pela mesa, a discussão foi interrompida por uma colega que chega toda serelepe anunciando que havia sido selecionada para um estágio. Após a comemoração, alguém perguntou: “o que você espera dele?”. A garota não titubeou: “virar sócia!”.

Sob o aspecto legal, tanto o Ministério do Trabalho como o Conselho Federal de Educação Física estabeleceram um conjunto de leis que normatizaram as atividades de estágio. Mas, é sob o aspecto cultural que essa discussão fica mais saborosa, visto que temos que lidar com variáveis mais complexas: de um lado a ansiedade dos graduandos em entrar no mercado de trabalho e ganhar seu próprio dinheiro e do lado dos empregadores de usufruírem de mão de obra barata e, com o tempo, descartável.

Se uma revista de negócio quisesse saber quais são as melhores empresas de Educação Física para estagiar, como a descreveríamos? Com certeza a descrição seria a mesma das empresas de outros ramos: são aquelas que têm a) um ambiente propício para o aprendizado e o aprimoramento das competências profissionais, através do convívio com profissionais experientes e b) uma política de desenvolvimento que oportunize conhecer a rotina e o dia-a-dia da profissão, por meio de um revezamento nas diversas funções.

Entre a realidade e o ideal existe uma enorme distância preenchida pela visão anacrônica e míope dos responsáveis pelo processo de recrutamento e de seleção das empresas ligadas à Educação Física. Eles ainda não entenderam que retenção de clientes está, intimamente, relacionada com desenvolvimento e retenção de talentos. É simples: quanto melhores os profissionais, melhores os serviços e mais satisfeitos os clientes.

Sinceramente, acredito que precisamos dar um banho de profissionalismo na Educação Física e começar a exigir dos graduandos, dos estagiários e das empresas uma postura alinhada com o mundo dos negócios. Afirmar que a “área está crescendo” é muito pouco. Ela precisa amadurecer.

Ps: acabo de ler no jornal que as empresas estão usando redes sociais com plataformas próprias para selecionar candidatos a trainee. A Educação Física chega lá.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Chefe. Quem precisa dele?

Essa semana passei por uma enorme saia justa. Uma colega, com a qual trabalho há anos e por quem nutro um profundo respeito e admiração, me perguntou “Cadê o chefe?”. Eu, como uma bandida do velho oeste disparei: “Que chefe?”. Para minha sorte alguém entrou na sala milésimos de segundos depois se gabando da performance do seu time e a conversa mudou de rumo.

Durante a sociedade industrial, a organização das pessoas nas instituições foi baseada em uma estrutura verticalizada onde quem estava “em cima” (chefe) tinha poder sobre aquele que “estava embaixo” (subordinado). Existe, inclusive, uma frase emblemática que ilustra muito bem essa estrutura: “manda quem pode; obedece quem tem juízo”.

Alguém poderia contestar o uso do verbo no passado e afirmar que ainda hoje é assim. Concordo: é impossível imaginar que uma cultura organizacional construída ao longo de séculos e que está no inconsciente das relações pode mudar no estalar dos dedos. Mesmo porque as relações, sejam elas quais forem, se estabelecem enquanto as partes se beneficiam!

Isso significa dizer que na relação chefe/subordinado, o primeiro pode sentir-se superior, temido, aceito, desejado, o sabe-tudo, o protetor ou o guia iluminado. Em contrapartida, o segundo pode se comporta como servo fiel, frágil, inferior, inocente, delicado (e, por isso, pode-se esperar o básico e alguma bajulação). Tipo assim... “eu finjo que você é e você finge que acredita”.

Essa percepção tirana ou romântica das relações entre os membros de uma equipe de trabalho mostra o grau de amadurecimento pessoal no qual os profissionais se encontram e é uma maneira sutil de transferir responsabilidade. Por que é preciso ser temido ou desejado? Por que é preciso ser frágil ou submisso? Se alguém é superior ou guia iluminado, dá as ordens; se é servo fiel ou inocente as cumpri. Quanta dependência!

Quem precisa de chefe? Quem precisa de subordinado? Por que essa relação ainda existe? Todo profissional tem que ser líder de si mesmo. Liderança não é sinônimo de cargo. É, antes de tudo, um compromisso com o autoconhecimento.

Ou, como já disse o velho Sócrates: Conhece-te a ti mesmo.

sábado, 15 de maio de 2010

TIC's na Escola: oportunidade para a Educação Física

Outro dia um querido amigo comemorou seu aniversáro com um churrasco e, como convidada, encontrei outros amigos e seus respectivos filhos. Um deles, sabendo do meu interesse por cinema, logo que me viu foi falando... “hoje a dica de filme é minha: vá assistir As Melhores Coisas do Mundo (Brasil, 2010). Tem tudo a ver!” Quando perguntei “tem tudo a ver com o que?” ele me respondeu “p... mano...”. Ok. Já entendi.

A história narra a vida de um jovem adolescente de classe média urbana e o mundo a sua volta, ou seja, sua rotina escolar e familiar. Dentro deste mundo, os personagens típicos: os amigos do peito, a menina desejada, o irmão mais velho, a melhor amiga, os chatos dos pais e os professores. Ainda dentro deste mundo, as situações típicas: a sexualidade à flor da pele, a contestação da autoridade, o significado da amizade e dos vínculos.

No universo dos “pegadores” e das “pegadoras”, dos “não-pegadores” e das “não-pegadoras”, do “ficar” e do amor para sempre, dos “zoadores” e dos sossegados, dos populares e dos diferentes, os adolescentes vão sobrevivendo e construindo suas identidades.

Em época de Web 2.0 aquilo que foi confidenciado vai parar no twitter; as coisas mais banais viram notícia no blog; o bullying dá lugar ao cyberbullying. É bem verdade, também, que ainda existe lugar para o diário de anotações, os passeios de bicicleta, o jogo da verdade e as aulas de violão.

Nós, imigrantes digitais, ficamos perplexos ao vermos o domínio que os adolescentes têm sobre o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s). Infelizmente, o ambiente escolar ainda não percebeu o potencial disto para a aprendizagem e gasta seu tempo administrando os efeitos colaterais deste uso.

Enquanto professores, como podemos aproveitar a desenvoltura dos alunos com as TIC’s para a construção de conteúdos ligados à Educação Física? Como é possível criar um ambiente colaborativo de aprendizagem com o uso das TIC’s?

Está lançado o desafio. Quem se aventura?

Em tempo: um episódio secundário da trama me achou atenção. A manifestação de perplexidade do professor de física antes da sua expulsão e depois que “a escola toda” ficou sabendo (pelo torpedo, é claro!) que ele e uma aluna haviam se beijado.

Embora, neste episódio, não existam vítimas nem algozes, o fato é que a relação professor-aluno é sempre muito delicada e, enquanto profissional, é o professor que deve ser responsável por zelar pelos limites. Do contrário, não pode se aborrecer com as conseqüências.

Tá ligado, velho!!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Reuniões de Trabalho: é preciso respeitar o tempo dos profissionais

Ao longo desta semana e em função das minhas responsabilidades profissionais participei de várias reuniões. Acredito, sinceramente, que elas são inevitáveis e necessárias, mas nem por isso, elas podem ser mal planejadas ou mal conduzidas.

Reuniões que começam “lá pelas 11”, que não tem hora definida para acabar e que não tem uma pauta de discussão... vamos combinar... é desperdício de tempo e um desrespeito gigantesco com os membros da equipe. Aliás, isso significa, também, que teremos que trabalhar mais horas para que as tarefas não se acumulem.

Tempo é um bem precioso e todos nós, independentemente do time pelo qual torcemos, ganhamos, diariamente, 24 horas para usar. Durante esse período podemos trabalhar, descansar, papear, namorar, dormir, fazer compras, comer, escrever, ler. O duro é quando temos que participar de reuniões sem foco.

Virou rotina afirmarmos que estamos trabalhando muito e que não temos tempo para a família e para o lazer. Também pudera, em nome de uma liderança “democrática”, todos precisam opinar sobre tudo! Vamos combinar (de novo)... isso é puro assembleísmo. E, ainda que todos precisem participar dando suas opiniões, há vários assuntos que podem ser tratados por email.

E o que dizer daqueles que acham que podem gastar o tempo da reunião para contar sobre o que aconteceu com o vizinho, sobre como foi seu fim de semana, sobre o cachorrinho da filha ou sobre o carro que vai comprar? Chama os colegas para um chopinho, vai?

Planejar e participar de uma reunião eficiente é um exercício que todos os profissionais devem fazer com disciplina e rigor. Se você for responsável pela reunião dê o enquadre (“nossa reunião começará as 9 e terminará as 10”; “nossa pauta tem os seguintes itens”) e se você for um participante solicite, caso não tenha sido dado, o enquadre e foque nos objetivos da reunião. Do contrário não adianta se queixar.

Lembre-se: trabalhar é bom e produzir é melhor ainda. Mas com tempo roubado, sem chance.

sábado, 1 de maio de 2010

Qualidade de Vida no Trabalho: relação de compromisso recíproco

Maio começa com feriado. No Dia do Trabalho uma parcela considerável da sociedade descansa ou sai para passear e não há contradição nisto, pois celebrar esse dia significa lembrar-se das reivindicações dos trabalhadores por melhores condições de vida e de saúde.

Nas primeiras décadas da Revolução Industrial era comum jornada de trabalho de 18 horas, condições precárias de segurança nas fábricas e crianças trabalhando por comida. É bem verdade que ainda encontramos episódios de trabalho infantil ou trabalho semi-escravo, no entanto, hoje existe um arcabouço legal que define os limites das relações de trabalho.

No dias atuais, e por exigência da produtividade, temos metas e objetivos para alcançar. Equilibrar a vida profissional e a pessoal é um grande desafio e é, por essa razão, que se fala tanto de “qualidade de vida no trabalho”.

As relações que estabelecemos com os colegas, com o superior, com os valores da instituição, com a nossa carreira, com a organização do tempo são variáveis importantes na avaliação da qualidade de vida em nosso trabalho.

Outra variável importante diz respeito às políticas e ações que a instituição promove em benefício dos seus profissionais, e não estamos falando apenas em tíquete-refeição ou vale transporte, mas naquelas políticas ou ações que fazem com que sintamos orgulho de trabalhar onde trabalhamos.

Em conclusão: qualidade de vida no trabalho é uma relação de reciprocidade na qual o profissional faz a gestão de suas relações e de seu tempo e a instituição valoriza e promove o trabalho e o desenvolvimento dos seus profissionais.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Vida Profissional: sucessão de ciclos de aprendizagem

Venho acompanhando com muita satisfação a trajetória de uma jovem que, atenta às oportunidades, está terminando seu curso de graduação e pretende ampliar seus horizontes profissionais sem abrir mão de suas atuais atividades.

Em uma conversa casual, ela comentou que quer “colocar em prática” tudo aquilo que tem aprendido e para isso terá que viver experiências novas e desconhecidas. Embora apreensiva, o brilho no seu olhar me faz crer que ela está disposta e motivada a se aventurar.

Gosto de pensar que a vida e, obviamente, a vida profissional se desenvolve em ciclos e, de tempos em tempos, eles se concluem e dão origem a um novo ciclo. Com certeza, entre o término de um ciclo e o início de outro, ou seja, na transição entre eles, nos colocamos em um estado de instabilidade e de insegurança. Sobre o novo não temos controle.

No entanto, crescer, se desenvolver e amadurecer requer que saiamos da zona de conforto que o sucesso nos coloca. Pois é: o sucesso é bom, mas é uma armadilha que pode cegar se não estivemos atentos à dinâmica e à riqueza da vida.

Com o tempo, aquilo que era desafiador e estimulante passa a ser rotineiro e sem graça, pois já não há mais mistério; já aprendemos o que deveríamos aprender. É neste momento que teremos que fazer uma escolha: acomodamo-nos e vamos levando a vida ou procuramos incrementá-la buscando novas aprendizagens e desafios.

Em ambos os casos há um preço a pagar. Ao nos acomodarmos teremos uma grande chance de encontrarmos a insatisfação, a frustração e a melancolia. Ao nos aventurarmos estaremos correndo riscos.

Não existe “a” escolha certa. Mas de uma coisa estou certa: somos os únicos responsáveis pelas nossas escolhas.

PS: hoje é dia do aniversário do meu pai. Um jovem porreta de 75 anos cujo novo ciclo consiste em plantar alqueires de eucalipto na fazenda.

domingo, 18 de abril de 2010

Professor de Educação Física: um eterno aprendiz

No início deste mês, estive em companhia de vários professores de Educação Física da rede municipal de ensino de uma cidade paulista. Esses encontros tiveram como objetivo discutir o uso de tecnologias digitais nas aulas de Educação Física. Essa experiência somou-se a outra realizada neste semestre: fui co-responsável por uma disciplina sobre o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s) na Educação Física escolar de um programa de pós-graduação.

Saí destas experiências com uma certeza: apesar das críticas que são feitas ao trabalho desenvolvido pelos professores de Educação Física, encontrei profissionais comprometidos com os seus alunos. Ou seja, as críticas, quando generalizadas, desconsideram o trabalho de muitos professores que diariamente fazem da Educação Física um componente curricular envolvido com o processo de escolarização.

Os professores que estão atuando nas escolas públicas e privadas e que tem, no mínimo, 15 anos de carreira, foram formados em uma época em que o arcabouço legal (LDBEN, 1996; PCN, 2008) e teórico da educação (dimensões do conteúdo, 2000; temas transversais, 1998) não existiam. Além disto, naquela época não se discutia o uso das ferramentas da Web 2.0 e da própria internet na escolarização e na Educação Física.

É certo que a carreira de professor exige muita dedicação e manter-se permanentemente atualizado talvez seja o maior investimento que o profissional tenha que fazer. Mas não há outro caminho: se queremos ensinar, precisamos estar sempre aprendendo.

Estamos diante de novos conhecimentos e de outras possibilidades. Não há manual de instruções nem cartilha. O que podemos fazer é, a partir do saber profissional acumulado, planejar intencionalmente nossa atuação. Se fracassarmos, aprenderemos com os erros; ao acertarmos, sentiremos aquele delicioso sabor de sucesso.

Em tempo: não sabia como intitular esse texto e acabei de ouvir no rádio “cantar a beleza de ser um eterno aprendiz”. Desta vez, Gonzaguinha cantou para mim!

sábado, 10 de abril de 2010

O trabalho como laboratório para a auto-realização e o autoconhecimento

Dependendo da cultura em que estamos inseridos ou da tradição religiosa em que fomos criados, o trabalho terá um determinado sentido: para alguns, enfadonho, rotineiro e chato; para outros, prazeroso, estimulante e recompensador. No entanto, na verdade o trabalho não é uma coisa nem outra; ele é o que fazemos dele.

Outro dia, mexendo nas minhas anotações, encontrei uma do Peter Druker: ganhar a vida não é mais suficiente. O trabalho tem que nos permitir viver a vida também. Ora, salvo raras exceções, os adultos passam um bom período de suas vidas trabalhando e, por isso mesmo, essa atividade não pode ser deixada ao sabor do vento. Ela precisa ser especial.

Tenho consciência de que, dependendo do estágio da carreira, as obrigações (financiamento da casa ou do carro, a independência econômica, a construção do patrimônio) exigem muita energia e muita determinação. E é bom que seja assim, mas não podemos esquecer que o trabalho poder ser também uma experiência de auto-realização e autoconhecimento.

Se encararmos o trabalho como uma oportunidade de criamos algo ou de transformarmos a vida das pessoas que nos procuram, ele pode dar sentido à nossa vida. E, além disto, acredito que teremos o privilégio, ao final do dia, de dizer: “e eu ainda ganho para isso!”

Enquanto atividade social, o trabalho nos permite observar quais são nossos valores, como vemos o mundo, como nos posicionamos diante dos desafios, como nos relacionamos com as pessoas, qual nosso grau de tolerância. Se estivermos atentos e antenados, o cotidiano profissional pode ser um caminho para o autoconhecimento.

Podemos encarar o trabalho como quisermos, mas é fundamental termos clareza de que o sucesso de nossa carreira é fruto, exclusivo, das escolhas que fazemos. Não podemos esperar da vida nada mais do que estamos dispostos a dar a ela.

sábado, 3 de abril de 2010

Intervenção Profissional em Educação Física: novas oportunidades

Domingo passado fui assistir Quidam, espetáculo do Cirque du Soleil em cartaz em São Paulo. Confesso que reparo em tudo: como o público é recebido, orientado, atendido e como está a organização, ou seja, qual o grau de profissionalismo das pessoas envolvidas com aquele serviço. Posso garantir que se os profissionais do palco (de todas as nacionalidades, inclusive brasileiros) dão um show, o staff do espetáculo também dá (e são todos brasileiros).

Antes do espetáculo e durante o coquetel, tive o enorme prazer de encontrar e conversar com um ex-aluno, formado há dez anos. Ele me contou que está trabalhando “por conta própria” e que sua empresa desenvolve programas de Educação Física para uma “cartela de clientes fiéis”. Antes de nos despedirmos me entregou seu cartão. Nele está registrado, entre outras coisas, o endereço do seu blog e do site de sua empresa.

A humanidade passou da sociedade agrícola para a industrial e, agora, estamos em plena sociedade dos serviços. Isso significa que aqueles que querem ganhar dinheiro com seu trabalho terão que se capacitar muito para poder identificar as necessidades e expectativas dos seus clientes, para traduzir essa demanda em serviços de qualidade para um público cada vez mais exigente, para disputar um mercado altamente competitivo.

Para os profissionais de Educação Física essa nova realidade poderá representar uma grande oportunidade, se os mesmos entenderem que a própria área passa por uma mudança de paradigma nos serviços oferecidos. Os programas de Educação Física massificados, típicos das academias de ginástica, cederão lugar para programas personalizados e em domicílio. Aliás, isso já está acontecendo.

Outro aspecto que mudará radicalmente o papel do profissional de Educação Física diz respeito ao uso das tecnologias. Um exemplo: os jogos da era Wii e Xbox 360. Se até pouco tempo atrás muitos profissionais ganhavam a vida contando até oito em frente de um espelho, repetindo movimentos estereotipados que deveriam ser copiados pelos clientes de uma acadêmica ou clube, em um futuro muito próximo será mais lúdico e divertido fazer isso através dos jogos eletrônicos como os citados acima.

O mundo do trabalho em Educação Física está vivendo um momento de transição e a profissão não vai acabar, pelo contrário, as áreas da educação e da saúde, estão em franco crescimento. Mas, tenho cá para mim, que estamos protagonizando uma mudança sensacional no modo de fazer a intervenção profissional.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Mundo do Trabalho em Educação Física: é preciso preparar empreendedores

Em meados da década de 1980, minha geração freqüentava a Universidade e acompanhou, sem saber direito o que estava acontecendo, os efeitos de um fenômeno que desorganizou muitas famílias: a reestruturação do mundo do trabalho. Nesta época, muitos pais e mães perderam seus empregos para a reengenharia.

Ao longo da estruturação do mundo do trabalho, sempre existiu o embate entre o capital e o trabalho, ou seja, entre aqueles que trabalhavam e aqueles que pagavam por esse trabalho. Por volta da década de 1950, sobretudo nos países do hemisfério norte, uma série de medidas permitiu que empregados e empregadores estabelecessem uma política menos conflituosa. Essa política, conhecida como Estado de Bem-estar Social (Welfare State) previa a todos os trabalhadores carteira assinada, 13º salário, férias remuneradas, FGTS, vale refeição, seguro saúde, aposentadoria.

A reestruturação do mundo do trabalho, iniciada na metade dos anos de 1970, nos países desenvolvidos e, dez anos depois nos outros países, abre um novo cenário nas relações: flexibilização dos contratos de trabalho, ou seja, perda dos direitos trabalhistas, terceirização, trabalho por projeto e precarização do emprego.

Se até a minha geração, os profissionais eram preparados para serem empregados de uma escola ou de um clube, hoje tal preparação é anacrônica e condenável. É preciso ter clareza que o mundo do trabalho mudou e a atitude empreendedora deve ser o foco de qualquer preparação profissional.

Há poucos estudos acadêmicos sobre o mundo do trabalho em Educação Física, mas podemos afirmar que se este novo cenário é incerto e inseguro para alguns, para outros é desafiador e mobilizador. No entanto, para ambos será exigido maior investimento na carreira e maior responsabilidade sobre suas decisões profissionais.

Em tempo: minha geração calcula o tempo para se aposentar; meus alunos elaboram planos de negócio e desenvolvem projetos de consultoria.

sábado, 20 de março de 2010

Professor: gestor de suas competências e de sua carreira

Nesta semana fui procurada por uma jornalista, responsável por uma revista educacional, para conceder uma entrevista cujo tema era Professor como gestor. Vejamos as principais ideias.

Poderíamos definir gestor usando o dicionário ou buscando algum livro sobre o assunto. Prefiro, neste momento, caracterizar gestor como aquele ou aquela profissional que define meta e estabelece objetivos para o seu trabalho e para sua carreira. É aquele ou aquela que, ao invés de classificar um episódio de problema, chama-o de oportunidade. O gestor ou a gestora são apaixonados pelo que fazem e são capazes de mobilizar pessoas em torno de uma tarefa.

Esse conceito se aplica à função docente, pois um professor ou uma professora são gestores de suas salas de aula. Definem metas e estabelecem objetivos de aprendizagem, mobilizam os alunos para realizarem as tarefas do cotidiano escolar. Enfrentam os episódios e tiram lições deles e são responsáveis por suas carreiras.

Infelizmente, esqueceram de avisar ao professor e à professora que, enquanto profissionais, eles são os responsáveis por suas carreiras. Delegar o planejamento da carreira ao superior imediato ou ao dono da escola é perigoso. E qualquer gestor ou gestora que não cobra dos membros de sua equipe o planejamento em suas respectivas carreiras é incompetente e não poderia estar neste lugar.

Mas nunca é tarde. Existem várias maneiras de planejar a carreira profissional, entre elas: definir suas metas, manter-se constantemente atualizado, envolver-se em projetos e cultivar sua rede de contato.

A escola, através de seus gestores, deve garantir as condições materiais e infraestrutura para que os professores e as professoras realizem seu trabalho e desenvolvam seus projetos. Costumo dizer que o gestor ou a gestora trabalham para a sua equipe de professores. Acolher e valorizar as iniciativas da equipe de professores é fundamental para criar um ambiente de trabalho prazeroso e inovador. Mas convenhamos: se um professor ou uma professora não aproveitam as oportunidades oferecidas devem ser substituídos.

O professor e a professora, como qualquer outro profissional, têm metas e objetivos para alcançar. Eles são responsáveis por isso. A coordenação pedagógica deve dar os meios para isso e avaliar o desempenho e os resultados. Deve aplaudir e comunicar o sucesso; oferecer oportunidades de aperfeiçoamento e aprimoramento para aqueles que estão dispostos a melhorar; e substituir aqueles que não se dispõem a alcançar os resultados.

Porque uma coisa é certa: fazer parte de uma equipe vitoriosa faz bem.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Sociedade do Conhecimento e Preparação Profissional em Educação Física

Nos últimos meses tenho me dedicado a compreender, investigar e, sobretudo, a usar o Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment) como complemento às aulas presenciais. Este Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) possui várias ferramentas e recursos com os quais é possível interagir com os diversos conteúdos da disciplina.

Através dos fóruns, do glossário, da wiki podemos construir conhecimentos colaborativamente e compartilhar mutuamente a aprendizagem. Com os vídeos do youtube e com podcasts podemos ilustrar e ampliar as discussões trazendo para a sala de aula outros olhares.

Atualmente, o acesso à informação e ao conhecimento está potencializado pelas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) e os docentes de modo geral e, em particular, os docentes universitários estão diante de um grande desafio: rever sua função e seu papel no processo ensino-aprendizagem. Aliás, para os graduandos o desafio é o mesmo.

Foi-se o tempo em que o docente era o detentor exclusivo do conhecimento e o graduando um mero ouvinte. Na Sociedade do Conhecimento e com as TIC’s, a relação entre docente-graduando deve primar pelo compromisso mútuo e pela troca de conhecimento. Deste modo, o comportamento passivo que ainda encontramos em vários graduandos dificilmente os levará a uma carreira vitoriosa. Eles precisam se tornar protagonistas de sua aprendizagem e de sua preparação profissional.

Tomar decisões, fazer escolhas, resolver problemas e enfrentar desafios fazem parte do cotidiano de qualquer profissional e será bem sucedido aquele que souber, com autonomia, buscar conhecimento e encontrar respostas (que não estão prontas). Para isso qualquer curso de graduação sério e de qualidade deve, diariamente, criar condições para que o graduando amplie sua competência de duvidar e selecionar informações.

Tornar-se profissional para o mundo do trabalho do século XXI é responsabilidade do graduando e ele não pode delegar a mais ninguém essa tarefa. Cabe ao docente universitário ser parceiro neste processo.