Em meados da década de 1980, minha geração freqüentava a Universidade e acompanhou, sem saber direito o que estava acontecendo, os efeitos de um fenômeno que desorganizou muitas famílias: a reestruturação do mundo do trabalho. Nesta época, muitos pais e mães perderam seus empregos para a reengenharia.
Ao longo da estruturação do mundo do trabalho, sempre existiu o embate entre o capital e o trabalho, ou seja, entre aqueles que trabalhavam e aqueles que pagavam por esse trabalho. Por volta da década de 1950, sobretudo nos países do hemisfério norte, uma série de medidas permitiu que empregados e empregadores estabelecessem uma política menos conflituosa. Essa política, conhecida como Estado de Bem-estar Social (Welfare State) previa a todos os trabalhadores carteira assinada, 13º salário, férias remuneradas, FGTS, vale refeição, seguro saúde, aposentadoria.
A reestruturação do mundo do trabalho, iniciada na metade dos anos de 1970, nos países desenvolvidos e, dez anos depois nos outros países, abre um novo cenário nas relações: flexibilização dos contratos de trabalho, ou seja, perda dos direitos trabalhistas, terceirização, trabalho por projeto e precarização do emprego.
Se até a minha geração, os profissionais eram preparados para serem empregados de uma escola ou de um clube, hoje tal preparação é anacrônica e condenável. É preciso ter clareza que o mundo do trabalho mudou e a atitude empreendedora deve ser o foco de qualquer preparação profissional.
Há poucos estudos acadêmicos sobre o mundo do trabalho em Educação Física, mas podemos afirmar que se este novo cenário é incerto e inseguro para alguns, para outros é desafiador e mobilizador. No entanto, para ambos será exigido maior investimento na carreira e maior responsabilidade sobre suas decisões profissionais.
Em tempo: minha geração calcula o tempo para se aposentar; meus alunos elaboram planos de negócio e desenvolvem projetos de consultoria.
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