quinta-feira, 22 de abril de 2010

Vida Profissional: sucessão de ciclos de aprendizagem

Venho acompanhando com muita satisfação a trajetória de uma jovem que, atenta às oportunidades, está terminando seu curso de graduação e pretende ampliar seus horizontes profissionais sem abrir mão de suas atuais atividades.

Em uma conversa casual, ela comentou que quer “colocar em prática” tudo aquilo que tem aprendido e para isso terá que viver experiências novas e desconhecidas. Embora apreensiva, o brilho no seu olhar me faz crer que ela está disposta e motivada a se aventurar.

Gosto de pensar que a vida e, obviamente, a vida profissional se desenvolve em ciclos e, de tempos em tempos, eles se concluem e dão origem a um novo ciclo. Com certeza, entre o término de um ciclo e o início de outro, ou seja, na transição entre eles, nos colocamos em um estado de instabilidade e de insegurança. Sobre o novo não temos controle.

No entanto, crescer, se desenvolver e amadurecer requer que saiamos da zona de conforto que o sucesso nos coloca. Pois é: o sucesso é bom, mas é uma armadilha que pode cegar se não estivemos atentos à dinâmica e à riqueza da vida.

Com o tempo, aquilo que era desafiador e estimulante passa a ser rotineiro e sem graça, pois já não há mais mistério; já aprendemos o que deveríamos aprender. É neste momento que teremos que fazer uma escolha: acomodamo-nos e vamos levando a vida ou procuramos incrementá-la buscando novas aprendizagens e desafios.

Em ambos os casos há um preço a pagar. Ao nos acomodarmos teremos uma grande chance de encontrarmos a insatisfação, a frustração e a melancolia. Ao nos aventurarmos estaremos correndo riscos.

Não existe “a” escolha certa. Mas de uma coisa estou certa: somos os únicos responsáveis pelas nossas escolhas.

PS: hoje é dia do aniversário do meu pai. Um jovem porreta de 75 anos cujo novo ciclo consiste em plantar alqueires de eucalipto na fazenda.

domingo, 18 de abril de 2010

Professor de Educação Física: um eterno aprendiz

No início deste mês, estive em companhia de vários professores de Educação Física da rede municipal de ensino de uma cidade paulista. Esses encontros tiveram como objetivo discutir o uso de tecnologias digitais nas aulas de Educação Física. Essa experiência somou-se a outra realizada neste semestre: fui co-responsável por uma disciplina sobre o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s) na Educação Física escolar de um programa de pós-graduação.

Saí destas experiências com uma certeza: apesar das críticas que são feitas ao trabalho desenvolvido pelos professores de Educação Física, encontrei profissionais comprometidos com os seus alunos. Ou seja, as críticas, quando generalizadas, desconsideram o trabalho de muitos professores que diariamente fazem da Educação Física um componente curricular envolvido com o processo de escolarização.

Os professores que estão atuando nas escolas públicas e privadas e que tem, no mínimo, 15 anos de carreira, foram formados em uma época em que o arcabouço legal (LDBEN, 1996; PCN, 2008) e teórico da educação (dimensões do conteúdo, 2000; temas transversais, 1998) não existiam. Além disto, naquela época não se discutia o uso das ferramentas da Web 2.0 e da própria internet na escolarização e na Educação Física.

É certo que a carreira de professor exige muita dedicação e manter-se permanentemente atualizado talvez seja o maior investimento que o profissional tenha que fazer. Mas não há outro caminho: se queremos ensinar, precisamos estar sempre aprendendo.

Estamos diante de novos conhecimentos e de outras possibilidades. Não há manual de instruções nem cartilha. O que podemos fazer é, a partir do saber profissional acumulado, planejar intencionalmente nossa atuação. Se fracassarmos, aprenderemos com os erros; ao acertarmos, sentiremos aquele delicioso sabor de sucesso.

Em tempo: não sabia como intitular esse texto e acabei de ouvir no rádio “cantar a beleza de ser um eterno aprendiz”. Desta vez, Gonzaguinha cantou para mim!

sábado, 10 de abril de 2010

O trabalho como laboratório para a auto-realização e o autoconhecimento

Dependendo da cultura em que estamos inseridos ou da tradição religiosa em que fomos criados, o trabalho terá um determinado sentido: para alguns, enfadonho, rotineiro e chato; para outros, prazeroso, estimulante e recompensador. No entanto, na verdade o trabalho não é uma coisa nem outra; ele é o que fazemos dele.

Outro dia, mexendo nas minhas anotações, encontrei uma do Peter Druker: ganhar a vida não é mais suficiente. O trabalho tem que nos permitir viver a vida também. Ora, salvo raras exceções, os adultos passam um bom período de suas vidas trabalhando e, por isso mesmo, essa atividade não pode ser deixada ao sabor do vento. Ela precisa ser especial.

Tenho consciência de que, dependendo do estágio da carreira, as obrigações (financiamento da casa ou do carro, a independência econômica, a construção do patrimônio) exigem muita energia e muita determinação. E é bom que seja assim, mas não podemos esquecer que o trabalho poder ser também uma experiência de auto-realização e autoconhecimento.

Se encararmos o trabalho como uma oportunidade de criamos algo ou de transformarmos a vida das pessoas que nos procuram, ele pode dar sentido à nossa vida. E, além disto, acredito que teremos o privilégio, ao final do dia, de dizer: “e eu ainda ganho para isso!”

Enquanto atividade social, o trabalho nos permite observar quais são nossos valores, como vemos o mundo, como nos posicionamos diante dos desafios, como nos relacionamos com as pessoas, qual nosso grau de tolerância. Se estivermos atentos e antenados, o cotidiano profissional pode ser um caminho para o autoconhecimento.

Podemos encarar o trabalho como quisermos, mas é fundamental termos clareza de que o sucesso de nossa carreira é fruto, exclusivo, das escolhas que fazemos. Não podemos esperar da vida nada mais do que estamos dispostos a dar a ela.

sábado, 3 de abril de 2010

Intervenção Profissional em Educação Física: novas oportunidades

Domingo passado fui assistir Quidam, espetáculo do Cirque du Soleil em cartaz em São Paulo. Confesso que reparo em tudo: como o público é recebido, orientado, atendido e como está a organização, ou seja, qual o grau de profissionalismo das pessoas envolvidas com aquele serviço. Posso garantir que se os profissionais do palco (de todas as nacionalidades, inclusive brasileiros) dão um show, o staff do espetáculo também dá (e são todos brasileiros).

Antes do espetáculo e durante o coquetel, tive o enorme prazer de encontrar e conversar com um ex-aluno, formado há dez anos. Ele me contou que está trabalhando “por conta própria” e que sua empresa desenvolve programas de Educação Física para uma “cartela de clientes fiéis”. Antes de nos despedirmos me entregou seu cartão. Nele está registrado, entre outras coisas, o endereço do seu blog e do site de sua empresa.

A humanidade passou da sociedade agrícola para a industrial e, agora, estamos em plena sociedade dos serviços. Isso significa que aqueles que querem ganhar dinheiro com seu trabalho terão que se capacitar muito para poder identificar as necessidades e expectativas dos seus clientes, para traduzir essa demanda em serviços de qualidade para um público cada vez mais exigente, para disputar um mercado altamente competitivo.

Para os profissionais de Educação Física essa nova realidade poderá representar uma grande oportunidade, se os mesmos entenderem que a própria área passa por uma mudança de paradigma nos serviços oferecidos. Os programas de Educação Física massificados, típicos das academias de ginástica, cederão lugar para programas personalizados e em domicílio. Aliás, isso já está acontecendo.

Outro aspecto que mudará radicalmente o papel do profissional de Educação Física diz respeito ao uso das tecnologias. Um exemplo: os jogos da era Wii e Xbox 360. Se até pouco tempo atrás muitos profissionais ganhavam a vida contando até oito em frente de um espelho, repetindo movimentos estereotipados que deveriam ser copiados pelos clientes de uma acadêmica ou clube, em um futuro muito próximo será mais lúdico e divertido fazer isso através dos jogos eletrônicos como os citados acima.

O mundo do trabalho em Educação Física está vivendo um momento de transição e a profissão não vai acabar, pelo contrário, as áreas da educação e da saúde, estão em franco crescimento. Mas, tenho cá para mim, que estamos protagonizando uma mudança sensacional no modo de fazer a intervenção profissional.