domingo, 30 de maio de 2010

Retenção de Clientes = Política de Estágio + Retenção de Talentos

No meio da semana, entre uma aula e outra, aproveitei o intervalo e fui lanchar. No restaurante da universidade, nostalgicamente, fiquei observando alunos discutindo, animadamente, sobre um seminário que estavam preparando. Com laptops, livros e anotações espalhados pela mesa, a discussão foi interrompida por uma colega que chega toda serelepe anunciando que havia sido selecionada para um estágio. Após a comemoração, alguém perguntou: “o que você espera dele?”. A garota não titubeou: “virar sócia!”.

Sob o aspecto legal, tanto o Ministério do Trabalho como o Conselho Federal de Educação Física estabeleceram um conjunto de leis que normatizaram as atividades de estágio. Mas, é sob o aspecto cultural que essa discussão fica mais saborosa, visto que temos que lidar com variáveis mais complexas: de um lado a ansiedade dos graduandos em entrar no mercado de trabalho e ganhar seu próprio dinheiro e do lado dos empregadores de usufruírem de mão de obra barata e, com o tempo, descartável.

Se uma revista de negócio quisesse saber quais são as melhores empresas de Educação Física para estagiar, como a descreveríamos? Com certeza a descrição seria a mesma das empresas de outros ramos: são aquelas que têm a) um ambiente propício para o aprendizado e o aprimoramento das competências profissionais, através do convívio com profissionais experientes e b) uma política de desenvolvimento que oportunize conhecer a rotina e o dia-a-dia da profissão, por meio de um revezamento nas diversas funções.

Entre a realidade e o ideal existe uma enorme distância preenchida pela visão anacrônica e míope dos responsáveis pelo processo de recrutamento e de seleção das empresas ligadas à Educação Física. Eles ainda não entenderam que retenção de clientes está, intimamente, relacionada com desenvolvimento e retenção de talentos. É simples: quanto melhores os profissionais, melhores os serviços e mais satisfeitos os clientes.

Sinceramente, acredito que precisamos dar um banho de profissionalismo na Educação Física e começar a exigir dos graduandos, dos estagiários e das empresas uma postura alinhada com o mundo dos negócios. Afirmar que a “área está crescendo” é muito pouco. Ela precisa amadurecer.

Ps: acabo de ler no jornal que as empresas estão usando redes sociais com plataformas próprias para selecionar candidatos a trainee. A Educação Física chega lá.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Chefe. Quem precisa dele?

Essa semana passei por uma enorme saia justa. Uma colega, com a qual trabalho há anos e por quem nutro um profundo respeito e admiração, me perguntou “Cadê o chefe?”. Eu, como uma bandida do velho oeste disparei: “Que chefe?”. Para minha sorte alguém entrou na sala milésimos de segundos depois se gabando da performance do seu time e a conversa mudou de rumo.

Durante a sociedade industrial, a organização das pessoas nas instituições foi baseada em uma estrutura verticalizada onde quem estava “em cima” (chefe) tinha poder sobre aquele que “estava embaixo” (subordinado). Existe, inclusive, uma frase emblemática que ilustra muito bem essa estrutura: “manda quem pode; obedece quem tem juízo”.

Alguém poderia contestar o uso do verbo no passado e afirmar que ainda hoje é assim. Concordo: é impossível imaginar que uma cultura organizacional construída ao longo de séculos e que está no inconsciente das relações pode mudar no estalar dos dedos. Mesmo porque as relações, sejam elas quais forem, se estabelecem enquanto as partes se beneficiam!

Isso significa dizer que na relação chefe/subordinado, o primeiro pode sentir-se superior, temido, aceito, desejado, o sabe-tudo, o protetor ou o guia iluminado. Em contrapartida, o segundo pode se comporta como servo fiel, frágil, inferior, inocente, delicado (e, por isso, pode-se esperar o básico e alguma bajulação). Tipo assim... “eu finjo que você é e você finge que acredita”.

Essa percepção tirana ou romântica das relações entre os membros de uma equipe de trabalho mostra o grau de amadurecimento pessoal no qual os profissionais se encontram e é uma maneira sutil de transferir responsabilidade. Por que é preciso ser temido ou desejado? Por que é preciso ser frágil ou submisso? Se alguém é superior ou guia iluminado, dá as ordens; se é servo fiel ou inocente as cumpri. Quanta dependência!

Quem precisa de chefe? Quem precisa de subordinado? Por que essa relação ainda existe? Todo profissional tem que ser líder de si mesmo. Liderança não é sinônimo de cargo. É, antes de tudo, um compromisso com o autoconhecimento.

Ou, como já disse o velho Sócrates: Conhece-te a ti mesmo.

sábado, 15 de maio de 2010

TIC's na Escola: oportunidade para a Educação Física

Outro dia um querido amigo comemorou seu aniversáro com um churrasco e, como convidada, encontrei outros amigos e seus respectivos filhos. Um deles, sabendo do meu interesse por cinema, logo que me viu foi falando... “hoje a dica de filme é minha: vá assistir As Melhores Coisas do Mundo (Brasil, 2010). Tem tudo a ver!” Quando perguntei “tem tudo a ver com o que?” ele me respondeu “p... mano...”. Ok. Já entendi.

A história narra a vida de um jovem adolescente de classe média urbana e o mundo a sua volta, ou seja, sua rotina escolar e familiar. Dentro deste mundo, os personagens típicos: os amigos do peito, a menina desejada, o irmão mais velho, a melhor amiga, os chatos dos pais e os professores. Ainda dentro deste mundo, as situações típicas: a sexualidade à flor da pele, a contestação da autoridade, o significado da amizade e dos vínculos.

No universo dos “pegadores” e das “pegadoras”, dos “não-pegadores” e das “não-pegadoras”, do “ficar” e do amor para sempre, dos “zoadores” e dos sossegados, dos populares e dos diferentes, os adolescentes vão sobrevivendo e construindo suas identidades.

Em época de Web 2.0 aquilo que foi confidenciado vai parar no twitter; as coisas mais banais viram notícia no blog; o bullying dá lugar ao cyberbullying. É bem verdade, também, que ainda existe lugar para o diário de anotações, os passeios de bicicleta, o jogo da verdade e as aulas de violão.

Nós, imigrantes digitais, ficamos perplexos ao vermos o domínio que os adolescentes têm sobre o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s). Infelizmente, o ambiente escolar ainda não percebeu o potencial disto para a aprendizagem e gasta seu tempo administrando os efeitos colaterais deste uso.

Enquanto professores, como podemos aproveitar a desenvoltura dos alunos com as TIC’s para a construção de conteúdos ligados à Educação Física? Como é possível criar um ambiente colaborativo de aprendizagem com o uso das TIC’s?

Está lançado o desafio. Quem se aventura?

Em tempo: um episódio secundário da trama me achou atenção. A manifestação de perplexidade do professor de física antes da sua expulsão e depois que “a escola toda” ficou sabendo (pelo torpedo, é claro!) que ele e uma aluna haviam se beijado.

Embora, neste episódio, não existam vítimas nem algozes, o fato é que a relação professor-aluno é sempre muito delicada e, enquanto profissional, é o professor que deve ser responsável por zelar pelos limites. Do contrário, não pode se aborrecer com as conseqüências.

Tá ligado, velho!!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Reuniões de Trabalho: é preciso respeitar o tempo dos profissionais

Ao longo desta semana e em função das minhas responsabilidades profissionais participei de várias reuniões. Acredito, sinceramente, que elas são inevitáveis e necessárias, mas nem por isso, elas podem ser mal planejadas ou mal conduzidas.

Reuniões que começam “lá pelas 11”, que não tem hora definida para acabar e que não tem uma pauta de discussão... vamos combinar... é desperdício de tempo e um desrespeito gigantesco com os membros da equipe. Aliás, isso significa, também, que teremos que trabalhar mais horas para que as tarefas não se acumulem.

Tempo é um bem precioso e todos nós, independentemente do time pelo qual torcemos, ganhamos, diariamente, 24 horas para usar. Durante esse período podemos trabalhar, descansar, papear, namorar, dormir, fazer compras, comer, escrever, ler. O duro é quando temos que participar de reuniões sem foco.

Virou rotina afirmarmos que estamos trabalhando muito e que não temos tempo para a família e para o lazer. Também pudera, em nome de uma liderança “democrática”, todos precisam opinar sobre tudo! Vamos combinar (de novo)... isso é puro assembleísmo. E, ainda que todos precisem participar dando suas opiniões, há vários assuntos que podem ser tratados por email.

E o que dizer daqueles que acham que podem gastar o tempo da reunião para contar sobre o que aconteceu com o vizinho, sobre como foi seu fim de semana, sobre o cachorrinho da filha ou sobre o carro que vai comprar? Chama os colegas para um chopinho, vai?

Planejar e participar de uma reunião eficiente é um exercício que todos os profissionais devem fazer com disciplina e rigor. Se você for responsável pela reunião dê o enquadre (“nossa reunião começará as 9 e terminará as 10”; “nossa pauta tem os seguintes itens”) e se você for um participante solicite, caso não tenha sido dado, o enquadre e foque nos objetivos da reunião. Do contrário não adianta se queixar.

Lembre-se: trabalhar é bom e produzir é melhor ainda. Mas com tempo roubado, sem chance.

sábado, 1 de maio de 2010

Qualidade de Vida no Trabalho: relação de compromisso recíproco

Maio começa com feriado. No Dia do Trabalho uma parcela considerável da sociedade descansa ou sai para passear e não há contradição nisto, pois celebrar esse dia significa lembrar-se das reivindicações dos trabalhadores por melhores condições de vida e de saúde.

Nas primeiras décadas da Revolução Industrial era comum jornada de trabalho de 18 horas, condições precárias de segurança nas fábricas e crianças trabalhando por comida. É bem verdade que ainda encontramos episódios de trabalho infantil ou trabalho semi-escravo, no entanto, hoje existe um arcabouço legal que define os limites das relações de trabalho.

No dias atuais, e por exigência da produtividade, temos metas e objetivos para alcançar. Equilibrar a vida profissional e a pessoal é um grande desafio e é, por essa razão, que se fala tanto de “qualidade de vida no trabalho”.

As relações que estabelecemos com os colegas, com o superior, com os valores da instituição, com a nossa carreira, com a organização do tempo são variáveis importantes na avaliação da qualidade de vida em nosso trabalho.

Outra variável importante diz respeito às políticas e ações que a instituição promove em benefício dos seus profissionais, e não estamos falando apenas em tíquete-refeição ou vale transporte, mas naquelas políticas ou ações que fazem com que sintamos orgulho de trabalhar onde trabalhamos.

Em conclusão: qualidade de vida no trabalho é uma relação de reciprocidade na qual o profissional faz a gestão de suas relações e de seu tempo e a instituição valoriza e promove o trabalho e o desenvolvimento dos seus profissionais.