Em meados de janeiro, recebi um simpático
email da editora-chefe da Revista Negógio&Fitness Carreira me convidando
para escrever um artigo para a segunda edição deste periódico, cuja temática
havia sido sugerida por uma leitora. Seguem minhas reflexões sobre o processo
de mudança de foco ao longo da carreira.
De tempos em
tempos, ao longo de nossa trajetória profissional, nos deparamos com perguntas
que nos fazem refletir sobre essa trajetória: escolhi a profissão certa? Deixei
passar alguma oportunidade? Soube valorizar meu trabalho? Sou referência no que
faço? Devo procurar outros caminhos? Invisto tempo e dinheiro em capacitação? Tenho
condições de me aventurar em outras funções? Essas e inúmeras outras perguntas
correlatas espelham o comportamento daqueles que querem manter viva suas respectivas
carreiras.
Sabemos que a
escolha de uma profissão é fruto de várias influências e, dentre elas, dos
familiares, dos amigos, da mídia, das características de personalidade, das ambições
pessoais e por aí vai. Considerando que o processo de escolha da profissão
ocorre quando ainda somos muito jovens, visto que poderemos viver mais de 70
anos, devemos ter serenidade para conviver com novos desejos, novas
expectativas, novas demandas e, principalmente, novas oportunidades.
Diante do
atual mundo do trabalho e para identificar essas novas oportunidades é preciso
ter comportamento de explorador, ou seja, alargar o olhar e amplificar a
escuta e de aprendiz, isto é, maravilhar-se e surpreender-se com o desconhecido.
As verdades absolutas e os pré-conceitos não cabem bem aos empreendedores.
É sobre esse
aspecto que quero focar minha análise: nas oportunidades que a carreira oferece
aos profissionais que estão abertos para novos desafios, que estão observando o
mundo do trabalho e, ao fazerem isso, percebem que as mudanças podem abrir
outros horizontes.
Por que a
palavra mudança está na boca do povo, mas vivenciá-la é tão estressante? Por
que afirmamos que precisamos mudar e na hora H sentimos calafrio, enjôo e
ficamos paralisados? Por uma razão muito simples: porque somos humanos e para
que possamos sair da zona de conforto precisamos fazer um esforço imenso.
Reconhecer
isso não é prova cabal de nossa fragilidade, pelo contrário, significa que
temos autoconhecimento e consciência das nossas forças e de nossas fraquezas e,
só assim, poderemos enfrentá-las. Mas
esse enfretamento não pode ser ao estilo camicase, como, aparentemente, faz o
goleiro que handebol quando saí em X. Esse
enfrentamento precisa ser estrategicamente
planejado.
Vamos
considerar a seguinte situação: imaginem uma profissional que, ao longo dos
últimos anos construiu uma bela carreira desempenhando uma função típica da
Educação Física – por exemplo, como professora no ensino médio ou como instrutora
de musculação – e que agora vê a perspectiva de, em um futuro próximo, –
suponhamos, desenvolver um projeto de Educação Física escolar inclusiva ou de
participar de uma equipe multidisciplinar para desenvolver um programa de
Educação Física com idosos.
Seja qual for
a situação (e podemos imaginar dezenas delas), precisamos definir
estrategicamente quais são os passos que devemos dar. E aqui vão as minhas
dicas:
a) Volte a estudar: agora com o foco nas suas perspectivas;
b) Volte a estudar com foco: ninguém construirá uma carreira
bacana no século XXI com conhecimento do senso comum;
c) Identifique as referências: quem são as pessoas que realizam
essa função e são boas no que fazem?;
d) Identifique as referências e vá conhecer o trabalho delas: se
possível, disponibilize um tempo para acompanhá-las;
e) Contacte seus ex-professores do curso de graduação: se e
somente se você foi alguém que deixou boas lembranças;
f) Contacte seus ex-professores e compartilhe com eles suas
perspectivas: eles sempre têm uma indicação;
g) Seja humilde: você é muito bom no que faz, mas agora está
aprendendo algo novo;
h) Seja humilde e continue aprendendo sempre.
Por fim, é
preciso ter clareza de que a carreira não pode ser entendida como uma sucessão
de dias de trabalho com finais de semana no meio. É preciso entendê-la como
algo que deve ser planejada e gerida, sobretudo, pelo profissional.
É ingenuidade
imaginar que estar no lugar certo, na hora certa é apenas um lance de sorte.
Pelo contrário, a sorte só trabalha a favor de quem está disponível e preparado
para identificar sua prima, a oportunidade.
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