No final da semana passada recebi email de um querido colega de trabalho com a seguinte dica: “Vale à pena ler... é muito legal”. Anexado havia uma análise sobre o filme Preciosa. (Precious, EUA, 2009). Fiquei muito sensibilizada com o que li e, como adoro ir ao cinema, liguei para uma amiga e combinamos o básico: cinema e pizza.
O filme narra a história de uma adolescente moradora do Harlen, vítima de todo tipo de violência (física, moral, psicológica e sexual) que resolve virar o jogo. Esse enredo não é inédito e outros filmes (agora consigo me lembrar de Escritores da Liberdade – Freedom Whiters, 2007 e de Treino Para a Vida – Coach Carter, 2005) já abordaram esse tema. Em todos eles há uma ideia recorrente: os alunos se despertaram e se dispuseram a mudar seu destino e quando fizeram isso encontraram docentes comprometidos em ajudá-los nesse processo, exigindo deles o máximo.
Transferindo essa temática para o cenário universitário, o que esperar da relação entre profissionais de Educação Física (professores universitários) e futuros profissionais de Educação Física (graduandos)? Qual é a responsabilidade inerente a essa relação? Qual é o papel a ser desempenhado?
Tenho um razoável conhecimento sobre a Universidade e sempre me surpreendo com histórias sobre os “professores fáceis”, aqueles que aprovam todos, independentemente do esforço e do mérito. No entanto, me surpreendo mais ao perceber como os graduandos admitem e se beneficiam desta relação, como se ela não fosse, no mínimo, constrangedora.
Ainda hoje somos cúmplices e vítimas da cultura do “jeitinho”, das relações permeadas por questões pessoais e íntimas. Mas é preciso reconhecer que a realidade está mudando e a cultura da meritocracia já faz parte do cotidiano de muitos. Valorizar o esforço, a dedicação e a competência é uma atitude comprometida do professor, mas isso dá trabalho: é preciso dizer e redizer ao aluno que ele precisa fazer de novo, que não está bom o bastante, que ele é capaz e que ele precisa acreditar nisso.
Compartilho com vocês os nomes dos professores que, para mim, fizeram toda a diferença: Ana Maria Pellegrini, Aluísio (Lula) Ferreira, Antônio Carlos de Moraes Prado, Caetano Plastino, Eduardo Kokubun, Emédio Bomjardim, Flávia Bastos, Genny Cavallaro, Go Tani, João Tojal, José Guilmar Mariz de Oliveira, José Raimundo Chiappin, Márcia de Paula Leite, Marcos Masetto, Maria Alice Navarro, Marilena Chauí, Mauro Betti, Mauro Guisellini, Olgária Matos, Pablo Mariconda, Pedro José Winterstein, Renato Janine, Silene Okuma, Scarlett Marton, Sônia Penin, Verena Pedrinelli.
A eles meu eterno carinho.
Ps: quem precisa de alguém que passe a mão em sua cabeça e o chame de “coitadinho”?